O capote do Eugênio

3 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em O capote do Eugênio

 O Rio Grande do Sul é um estado cheio de sotaques com dificuldades para falar o português correto. Nós tivemos, nos anos 1970, um jornalista político de origem italiana que falava senador Pedro Simão e deputado Algir Lorenzão. Quando o sobrenome terminava em “ão”, saía “om” e vice-versa. Para  os nascidos nas colônias alemãs, o problema era maior.

Certa vez, um empresário com um pé na colônia contou em roda de chope que mudara de praia.

– Cansei daqui. Agora veraneio em Pombinhas.

– Bombinhas – corrigiu um corajoso.

– Mas o que foi que falei? Pombinhas, ora!

Mas era na política que o sotaque alemão mais causava estragos. O hoje PP ou Progressistas foi PDS e antes foi PPB, porém vitimado pela mortalidade infantil. Quem teve essa ideia seguramente entendia nada de alemão e da dificuldade no P e B, habitualmente trocados. Alemão da COLONHA só não troca uma pela outra quando estão juntos, daí que PP ou BB não tem erro. Já o R era problema.

 Mas PPB, nossa mãe, foi um desastre vernacular teuto. Quando os caciques anunciaram essa possibilidade, eu logo pensei, isso não vai dar certo. Tirei a dúvida com o Oswino, cabo eleitoral que entendia tudo de política no interior germânico.

– Diz cá uma coisa. Como se fala o nome do  teu novo partido?

– Bebepê.

– Peraí. É pepebê.

– Erado. É bebepê.

Também teve o caso do velho Eugênio Gasparotto, figura dos anos 1970, com vasta cabeleira branca, sempre elegante de terno e gravata importada, que vendia panos finos do Dabdab. Certo dia, tentou vender um tecido para sobretudo, ou capote e capotão para o polaco Pedruva.  Este correu o tecido entre os dedos. Fez um muxoxo de desconsideração.

– Capotom com esta cor non,  já tenho um capotom marrão.

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Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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