Montanha russa

5 jul • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Montanha russa

Uma boa definição para o Brasil é que somos uma montanha russa. Com a diferença que, ao embarcar o que sobe desce e o que deveria descer, sobe inesperadamente e cambia durante o trajeto. O sobe-desce do humor nos mercados tem a ver com as oscilações no entendimento do processo. Somos nós que os influenciamos ou é o contrário?

OS SUSPENSÓRIOS DA COBRA

Interessante como o jornalismo é ingênuo. Se não há nenhuma novidade, por que não permaneceu inalterada a expectativa? Perguntem aos sabichões de plantão. Porém, o de sempre, os mercados agem e reagem de acordo como os russos da montanha. Desconfio que os especialistas, os verdadeiros especialistas em bolsa, aqueles que botam suspensório em cobra fugindo, reúnem-se em algum quarto fechado para rir da nossa cara. Eles nos usam.

CENSURA É…

…ruim para os negócios. Foi essa a fase que um empresário me disse após a abertura e com José Sarney já sentado na cadeira que deveria ser de Tancredo Neves. Se ele tivesse entrado na fila do SUS e atendido por médicos plantonistas estaria vivo. Brilhatura demais cega. Bueno. Perguntei ao meu amigo empresário o motivo da frase. Ué, respondeu ele, não é óbvio?

O ÓBVIO ULULANTE

Como é que não pensei nisso antes? Com censura, o mundo empresarial não só não sabe bem o que está acontecendo como também impede que usem a imprensa para vender até dente cariado. Sem ficar vermelho, falou que em outros tempos ele se guiavam pela imprensa. Com a censura, sucedeu-se um escuro; sem censura, eles é que davam as tintas como “fontes”. Em suma, eles nos usavam. Ainda usam, podem crer.

AMARGO EXEMPLO

Coniventes ou não, sucede o seguinte: criam pânico sobre uma determinada doença ou evento utilizando “fontes confiáveis”, como ONU e seus tentáculos, OMS principalmente. Como notícia ruim é garantia de capa, passam a informação que o fim do mundo está próximo, caso as pesquisas não descubram um antídoto ou tratamento. Foi assim com a Aids, quando começou o pânico. Todas as verbas de pesquisa alocadas para criar cura a outras doenças foram redirecionadas para o HIV. E isso significa muito dinheiro.

CADEIA PRODUTIVA

Nunca vou esquecer uma manchete de O Globo em 1993: até 2000 o Brasil teria 10 milhões de infectados pelo vírus. Notícias assim fazem girar como piorra louca uma vasta cadeia de negócios direta ou indiretamente ligados, a tal cadeia produtiva. E informações com meias-verdades são malévolas para aproveitamento político-ideológico-financeiro. O grande repórter William Waack, do Estadão, socorre-me com matéria que publicou ontem. Leia:

“Números e narrativas não necessariamente coincidem, e o Brasil é vítima de uma delas, com relevante repercussão internacional, sobretudo diante do anunciado acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul.

Exemplo clássico de números absolutos que não conseguem “narrar” corretamente uma situação é o da criminalidade. No Atlas da Violência do Ipea, verifica-se que São Paulo, com 4.631 mortos, figura entre os primeiros na lista de homicídios de 2017. Com menos da metade desse número – 2.203 casos – o Rio Grande do Norte está “confortavelmente” lá no meio da lista. Mas, em termos relativos, o Rio Grande do Norte apresentou uma taxa de 62 mortos (arredondando) por 100 mil habitantes em 2017. A mesma taxa para São Paulo era de 10, brutalmente inferior à do Rio Grande do Norte.”  

POR FALAR EM HOMICÍDIOS…

A polícia de elite do ditador venezuelano Nicolás Maduro matou 14 pessoas por dia em 2018. Quem diz é a ONU.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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