Meu passado no bicho (final) 

3 out • A Vida como ela foiNenhum comentário em Meu passado no bicho (final) 

No A Vida de ontem, narrei como saí à procura de uma noite de paixão selvagem a bordo da minha possante Vespa num sábado à noite.

 Mulher se amarra em um pé-de-borracha, vocês sabem, e mais ainda na época. Tomei um banho, fiz a barba com gilete inglesa Wilkinson contrabandeada, vendida pelo garçom Creso, desodorante em bastão e perfume Lancaster. O rótulo era igual ao kilt, o saiote de escocês, xadrez preto e vermelho.

 Saí da rua Eudoro Berlink, peguei a 24 de Outubro e dobrei à direita na Dr Timóteo, rua em que havia várias mansões. Logo depois da esquina tinha uma dosa no portão girando a chave. Dosa girava o chaveiro para mostrar que era a dona da casa e fazia isso quando os patrões estavam fora. Batata, não falhava uma. Estacionei, puxei conversa como é teu nome-estudas?

 – Sim estou tirando medicina. Tudo gabolice.

 – Mas com esse calor todo, não veraneias?

 Perguntei po311r perguntar, só para dar trela.

 – Claro que veraneio!

 – É mesmo? Em qual praia?

 – Canoas.

 Não, essa não.

 – Como assim se Canoas não tem mar nem praia?

 Ofendidíssima, ela abriu o portão e bateu a porta de ferro trabalhado na minha cara.

 – Como que não? Capão das Canoas!

 Rir não é o melhor remédio numa hora dessas. Ri e perdi o que deveria ser uma longa noite de orgia.

Imagem: Freepik

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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