Isolamento
Hoje com viés de “vida como ela é”, como dizem os economistas e os jornalistas. Até estou com viés de isolamento com viés de saco cheio. Curtam o causo:
– Faar co macara é diíil, Maio.
– Dá uma afrouxada nela que melhora, Carlos.
Carlos Drummond de Andrade aceita a sugestão de Mário Quintana.
– Ufa! É verdade, melhorou muito. Mas precisas falar mais alto, sou meio surdo. Podicrê!
– Mas o que é isso, Carlos! Estás a assassinar a última flor do Lácio, inculta e bela.
– É que lá nas Minas Gerais ouvi uma conversa com cabeludos em que eles falavam assim o “podes crer”.
– Mudando de assunto. Apresentas alguns sintomas do coronavírus?
– Nenhum até agora. Mas ninguém veio fazer o teste rápido comigo, Mário.
– Nem comigo. Estamos entre os subnotificados, me parece.
– Somos imunes a esse atrevido micro-organismo. Vírus não dura muito em estátua. E vacina não pega em nós. Intravenosa nem pensar. Não tenho veias.
– De fato. Mas estou mais preocupado com as pombas. Elas gostam de pousar na minha cabeça.
– É a vantagem de ser baixinho é mais alta que a minha. Bom, vou partir para um silêncio obsequioso. Até.
– Até. Cuidado com o sereno.