Filmes de terror verdadeiro
Um colega que esteve hospitalizado contou que viu uma cena de terror puro. Estava ele pensando com seus botões (como é que se pensa com botões) na madrugada, em quarto contíguo à UTI, e notou movimento.
Saiu da cama e viu um paciente com isqueiro aceso procurando o interruptor da luz para achar o botão de chamar enfermeiro. Imagina, tudo escuro e um cara com camisola iluminado por isqueiro.
Lembrei de outro colega que se hospitaliza uma vez por ano para fazer raspagem das carótidas, entupidas por dezenas de quilos de costela gorda que ele tentava desentupir em vão bebendo galões de cachaça. Era madrugada no Hospital Beneficiência Portuguesa.
Sucedeu que o colega de quarto deu os doces e foi voando para o além sob veementes protestos, cena que assustou o meu amigo. Sob o reinado do terror, saiu correndo do hospital. Vestido como estava, postou-se no meio da avenida Independência de Porto Alegre para atacar um táxi.
Só o quinto que passou atendeu seus acenos desesperados. E explicou:
– Entendo os colegas. Com essa camisola, eles devem ter achado que o senhor fugiu do hospício.
Melhor ouvir isso do que ser surdo.