Feriado antes do feriado
Estava eu posto em sossego tentando reunir material para a edição do blog e da pg3 do Jornal do Comércio para sexta-feira – o JC não circula nos feriados e finais de semana – e me deparei com o mesmo de sempre: véspera de feriadão por estas plagas, são dois dias antes do dito cujo. Não é um dia antes, são dois dias antes de quinta-feira Corpus Christi. Parte dessa sonolência se deve ao fato de o governador ter dado folga para o funcionalismo público na sexta-feira, então é feriado vitaminado e turbinado.
A cidade do funcionalismo público
Porto Alegre tem muitos funcionários públicos. Há cálculos que chegam a 35%. Mas me parece que, entre pensionistas, estatais e correlatos, o porcentual pode ir além.
Bem, o governo tem lá suas razões. Mas eu gostaria de saber a quem me dirijo e quem me protege para também poder espichar o Corpo de Deus? Desconfio que ninguém. Somos órfãos e sem padrinhos.
Esse tipo de abandono tem a ver com as minorias que já são maiorias e têm não só parlamentares como bancadas que as protegem.
Bancada dos sabidos
Existe a bancada para todos, menos para a classe média e abaixo dela. Nunca vi uma frente parlamentar em defesa dos que pagam impostos em dia, por exemplo. Ninguém faz leis para eles – nós.
Tem programa social para tudo quanto é tipo de minoria. Até para drogados, que não eram viciados quando deram a primeira cheirada ou picada. Para eles as benesses, para nós a máxima: vai trabalhar, vagabundo.
A labuta como vício
No meu caso específico, quero deixar claro que, se for preciso faço registro em cartório, que sou o que antigamente se chamava CDF, ou Caxias. Pertenço a uma categoria que não gosta de ficar em casa nos domingos e feriados.
E, se for para trabalhar, mesmo sem necessidade, que seja. Somos os inquietos. Antigamente éramos alvo de piadinhas tipo “parece que estás com bicho carpinteiro”, não fica quieto. Então tá, sou um.
A gravidade da rua
Jornalista é um sujeito engraçado, ele que sempre trabalhou aos domingos e feriados. Quando cansa da profissão quer sair/se sai mesmo, quer voltar. É a nossa sina, ou maldição, como queiram. A rua tem um poder gravitacional enorme.
A água gelada da realidade
Nos últimos dias, tenho assistido a uma série de alegrias do passado, caso do PIB de 1,9% no primeiro trimestre. Todos largaram foguetes e já se estima um PIB acima do esperado em 2023. Desculpem-me, mas profetas do passado não passam disso, o já aconteceu.
Está presente na mídia que, a partir de abril, a coisa começou a ficar ruim. Lojas pequenas e grandes fechando ou quebrando, número cada vez maior de lojas de shoppings com espaços vazios.
Seja pelos juros seja porque o Brasil tem fôlego curto, o segundo trimestre vai ser duro. Vejam os dados da Federação das Indústrias do RS: Atividade industrial volta a cair no Rio Grande do Sul.
Resultado de pesquisa divulgada pela FIERGS mostra recuo de 2,4% em abril.
OK, dirão, mas vai melhorar. OK, mas não no segundo trimestre.