Feliz foi Felizardo
O professor Joaquim José Felizardo, que deu seu nome para um museu de Porto Alegre, costumava dizer que, de tédio, não se morria no Brasil. Mas, às vezes, é tédio mesmo.
O entrevero entre Lula e o Congresso que não aprova seus projetos ou se aprova pede altos cargos no governo, proporcionais ao interesse do governo. Ora minha Santa Eulália das Lamelas, esse expediente usado por suas excelências e pelo ouvinte de plantão da Presidência da República não é novo. Novo é o descaramento.
Os caras chegam a dizer alto e claro para os meios de comunicação o que pleiteiam para votar a favor do governo. É mais velho que homem fazer xixi para a frente.
Verdade que, nos antigamentes, só murmuravam para ouvidos selecionados que queriam fazer um troca-troca. Então, de novo, só o pedido de casamento. Dócil, os governos aceitam o escambo.
Sim, todos os governos de todos os países são assim, dirão. Negativo. Há um limite. E. no caso brasileiro, não há limites.
Aliás, quando pensei em escrever o caso Cabaré/Guaporé no A Vida Como Ela Foi de hoje, pensei justamente nesta troca, que no caso tem outro nome. Lembrem: há uma década, um deputado citou São Francisco, “é dando que se recebe”. Botaram religião no meio, ora vejam só.
Tão longe, tão perto
Dia dos Namorados é aquele em que um casal se gosta e, para deixar bem claro, manda mensagem pelas redes sociais para o ou a parceira mesmo que estejam sentados bem juntinhos a centímetros um do outro.
Imóvel ocioso, dinheiro perdido
Itaú, Santander e mais outro banco estão leiloando 170 móveis em 15 estados brasileiros. Se esta linha acima fosse publicada há 50 anos geraria comoção. Mas eles estão loucos, diriam os leitores. Explica-se.
Até o advento do Plano Real, em 1973, imóveis eram um abrigo razoavelmente seguro para o investidor fugir da hiperinflação que grassava até 1993. Causou espécie que após alguns meses os bancos vendessem imóveis no Centro de Porto Alegre, em esquinas valiosas.
Hoje, ter estoque de imóveis só é bom para construtoras. Paga IPTU, não tem liquidez imediata, e quase sempre a venda é abaixo do valor de mercado porque o interessado sabe que o vendedor está precisando de grana viva.
Podem ver que imóveis ociosos de empresas servem como garantia, mas não comovem os acionistas nem eventuais compradores. Para saber o valor de mercado interessa menos o lucro líquido e mais o lucro antes do Imposto de Renda, o famoso Ebitda.
Em linguagem de mortal comum, é o fluxo de caixa, típicas de supermercados por exemplo, onde o dindim entra a toda hora. Esse é o valor real em caso de cálculo para transação, menos as dívidas.
Quando eu for grande
Se pudesse voltar ao passado queria ter um supermercado. Eu pagaria os fornecedores em 30, 60 dias e venderia os produtos deles praticamente em um terço desse tempo, se tanto. Controlar o estoque é tudo. Além do mais, existe um sistema chamado rapel, que poucos consumidores conhecem.
O fornecedor de vinhos, ou refrigerantes ou qualquer outro produto exposto nas gôndolas precisa pagar um xis PARA VENDER, mas vai receber o seu rico dinheiro só 30 ou 60 dias depois. Coisa de louco. Louco capitalista.