Este país é uma zona 

17 jun • NotasNenhum comentário em Este país é uma zona 

A Zona Franca de Manaus é uma indecência fiscal que muito agrada às multinacionais. Foi criada em uma época em que a indústria nacional não conseguia nem fabricar tubos de imagem de televisores, entre outras pobrezas tecnológicas. Agora ela pode ter uma irmã, a Zona Franca da Baixada Fluminense, caso passe o PL do deputado federal Dr. Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP).

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O voo da jararaca

Então por que, ao longo dessas décadas, a indústria brasileira não consegue emparelhar com a estrangeira? O primeiro erro foi quando criaram reserva de mercado nos anos 1970. Começou com os computadores, e assim criaram o Cobra, um produto cruza de estatal ineficiente com jararaca. Um Frankenstein verde amarelo.

Um país desenvolvido é produto de governos eficientes com uma massa crítica de empreendedores. Faltaram ambos.

O presidente Bolsonaro insiste em debochar da vacina, mas não pensem que é birra. É manobra estratégica para conquistar uma grande parte da população que se opõe a ela. Vejam o caso da cidade gaúcha de Gramado. Dos mais de 14 mil nativos aptos a recebê-la, 52,66% não compareceram aos postos de vacinação.

A voz do poste

Essa fatia é particularmente frequentadora e participante ativa nas redes sociais. Antigamente, os postes alto-falantes para espalhar discursos e falatório; hoje, os postes são as redes sociais.

La Chinoise

Era o título de um filme francês de Jean-Luc Goddard dos anos 1950. Hoje é o nome de uma realidade brasileira. Além de energia elétrica e uma montanha de outros investimentos diversificados, os chineses são donos da maior fábrica de concreto do país e namoram um grupo que tem 10 fábricas de cimento.

O que diferencia o domínio americano dos chineses é que nos primeiros que você precisa falar inglês; com os segundos, não é preciso falar mandarim.

O iluminado

Profético foi o pensador Millôr Fernandes no início dos anos 1970. Vocês que não gostam do domínio norte-americano, esperem só os asiáticos, escreveu.

Os improvisados

Durante as décadas da inflação alta, dizíamos que não era possível planificar a economia deste jeito. Fazia sentido, até que conversei com um executivo alemão enviado para caçar talentos. Disse a ele que não conseguia entender essa lógica. Ele sorriu. Com português razoável, explicou.

– Na Europa, empresas e governos fazem planejamento de longo prazo, 10, 20 anos, possível por causa da estabilidade da moeda. Se aparecer alguma coisa fora do script, nossos executivos não sabem o que fazer.

E continuou:

– Os executivos de vocês têm que fazer ajustes várias  vezes por mês. Esse fato os torna capazes de enfrentar qualquer emergência ou mudança. E sem perder o sono, porque vão dormir sabendo que, no dia seguinte, tudo tem que ser reajustado.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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