Este país é uma zona
A Zona Franca de Manaus é uma indecência fiscal que muito agrada às multinacionais. Foi criada em uma época em que a indústria nacional não conseguia nem fabricar tubos de imagem de televisores, entre outras pobrezas tecnológicas. Agora ela pode ter uma irmã, a Zona Franca da Baixada Fluminense, caso passe o PL do deputado federal Dr. Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP).
O voo da jararaca
Então por que, ao longo dessas décadas, a indústria brasileira não consegue emparelhar com a estrangeira? O primeiro erro foi quando criaram reserva de mercado nos anos 1970. Começou com os computadores, e assim criaram o Cobra, um produto cruza de estatal ineficiente com jararaca. Um Frankenstein verde amarelo.
Um país desenvolvido é produto de governos eficientes com uma massa crítica de empreendedores. Faltaram ambos.
O presidente Bolsonaro insiste em debochar da vacina, mas não pensem que é birra. É manobra estratégica para conquistar uma grande parte da população que se opõe a ela. Vejam o caso da cidade gaúcha de Gramado. Dos mais de 14 mil nativos aptos a recebê-la, 52,66% não compareceram aos postos de vacinação.
A voz do poste
Essa fatia é particularmente frequentadora e participante ativa nas redes sociais. Antigamente, os postes alto-falantes para espalhar discursos e falatório; hoje, os postes são as redes sociais.
La Chinoise
Era o título de um filme francês de Jean-Luc Goddard dos anos 1950. Hoje é o nome de uma realidade brasileira. Além de energia elétrica e uma montanha de outros investimentos diversificados, os chineses são donos da maior fábrica de concreto do país e namoram um grupo que tem 10 fábricas de cimento.
O que diferencia o domínio americano dos chineses é que nos primeiros que você precisa falar inglês; com os segundos, não é preciso falar mandarim.
O iluminado
Profético foi o pensador Millôr Fernandes no início dos anos 1970. Vocês que não gostam do domínio norte-americano, esperem só os asiáticos, escreveu.
Os improvisados
Durante as décadas da inflação alta, dizíamos que não era possível planificar a economia deste jeito. Fazia sentido, até que conversei com um executivo alemão enviado para caçar talentos. Disse a ele que não conseguia entender essa lógica. Ele sorriu. Com português razoável, explicou.
– Na Europa, empresas e governos fazem planejamento de longo prazo, 10, 20 anos, possível por causa da estabilidade da moeda. Se aparecer alguma coisa fora do script, nossos executivos não sabem o que fazer.
E continuou:
– Os executivos de vocês têm que fazer ajustes várias vezes por mês. Esse fato os torna capazes de enfrentar qualquer emergência ou mudança. E sem perder o sono, porque vão dormir sabendo que, no dia seguinte, tudo tem que ser reajustado.
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