Eleição, que eleição?

12 ago • NotasNenhum comentário em Eleição, que eleição?

A diferença entre a campanha eleitoral de 2022 para as anteriores é a ausência do chamado povo. Nas redes sociais, temos os contra e a favor de Lula e Bolsonaro, e tem muito material. Mas nas conversas de bar, não se nota que, em menos de dois meses, teremos uma das mais importantes eleições da história do Brasil. Fica uma impressão de alheamento, de só entrar um pouco antes do dia D.

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O povo, a salvação dos demagogos

Falamos tanto no povo, mas o povo usa o Whatsapp para outros assuntos, a maioria corriqueiros e coisas de grupo. Ninguém mais se veste de terno para votar, quando ainda se acreditava que o escolhido resolveria os problemas mais urgentes do país. Prova dessa ausência é o grande número de  indecisos nas pesquisas.

Só que o que os institutos não falam é a quantidade de pessoas que caem de banda quando o pesquisador telefona. Yes, entrevistas olho no olho são apenas uma parte, o resto é por telefone.

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Seja pela radiação de fundo da pandemia, seja por não querer papo, os institutos recorreram ao telefone para realizar seu trabalho. Indeciso é uma coisa, não quero papo é outro, como já me referi neste espaço.

De uma forma geral, o eleitor cansou de esperar de quem só promete. E esse público aumenta porque estamos vivendo mais e o envelhecimento da população – portanto de desiludidos – aumenta cada vez mais.

O horizonte do povo, esse que representa 80 a 85% dos brasileiros, é saber como vai ser o amanhã, literalmente, se o dinheiro vai dar e como sempre falta, quanto. Dia dos Pais vai ter presentinho de alguns reais. A parcela que compra presentes mais em conta é menos de 20% da população, e mesmo ela tem rugas de preocupação na testa.

Estilhaços de hipocrisia

O assunto do dia – e provavelmente pelo resto da semana – é o aumento dos salários dos ministros do STF, que vai repercutir automaticamente para a magistratura e carreiras afins. Jornalistas e colunistas indignados escrevem que, perto do salário mínimo, o salário – perdão, vencimento, salário é na iniciativa privada é descabido.

Correndo o risco de não ser entendido, insisto que uma carreira de Estado precisa ter ganho razoável, e seguramente o salário mínimo não o é. Verdade que a paulada foi grande. Mas daí a querer nivelar por baixo é hipocrisia de quem não deveria tê-la.

Os excluídos

É o apelo fácil da indignação fabricada, da mesma família de “onde vamos parar”, “alguém tem que fazer alguma coisa” e afins. Dou um pingo de razão a eles, porque jornalista realmente nunca foi um ser bem pago, exceções à parte. São como jogadores de futebol, apenas 2% a 3% estão no céu dos altos ganhos. Ou pelo menos acima de 100 mil mensais. O resto é jornalista.

Moral em concordata

Mas não dá para absolver ministros das cortes superiores. O que eles desconhecem é o Brasil real. Pior, não veem o quanto isso corrói a dignidade que lhes resta. Como na peça teatral, a moral está em concordata.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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