Dia de amargura

19 maio • NotasNenhum comentário em Dia de amargura

Foi a leilão o prédio de 55 mil m2 da Editora Abril, na Marginal do Tietê, inaugurado em 1968. Quem acompanhou a trajetória das publicações da empresa dos Civita certamente sentirá pesar. Realidade, Veja, alguns dos títulos que foram referência nacional. Com que ansiedade aguardávamos a chegada da Veja nas bancas. Começou acertando em cheio com as páginas amarelas, e lá se ia rumo ao bom jornalismo.

https://www.banrisul.com.br/bob/link/bobw02hn_conteudo_lista2.aspx?secao_id=443&utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=blog&utm_campaign=margem_consignado&utm_content=centro_600x90px

Uma das maiores qualidades era o rigor do texto, sempre preciso, elegante e com notas do humor inglês. Como eu invejava os escritos da Veja, como eu gostava das reportagens da Realidade. Infelizmente, textos saborosos desapareceram. A tinta do bem-escrever foi substituída pela bílis, emana do jornalismo atual o cheiro ocre da carranca e do mau humor, com as honrosas exceções de sempre.

E o Civita tinha razão

Lembro do Victor Civita em um almoço da ADVB, no Plaza São Rafael. Foi alguns dias depois do anúncio do Plano Cruzado, preços congelados para tentar domar a inflação. O Brasil inteiro acreditou que daria certo. Éramos muito ingênuos então. Conter inflação com tabelamento de preços não deu certo desde os tempos do Código de Hamurabi.

Eu estava sentado estrategicamente perto dele. Iniciou a palestra dizendo que torcia muito pelo sucesso do Plano, mas advertiu que as médias só atingiam 5% do que deveria ser feito. Depois que encerrou a fala, sentou e falou baixo para alguém sentado ao seu lado:

– Não vai dar certo.

E não deu mesmo.

Baile de cola atada

Que o Congresso Nacional é um Butantã, sabemos todos. É um baile de cola atada com cobras venenosas, cada uma com mais veneno que a outra. A CPI do Senado é um conjunto de mesmices para encurralar quem já está encurralado. Já sabemos as perguntas e quase todas as respostas.

Botar ofídio em vitrine dá nisso.

Sem palavras

E o que se diz ao dar pêsames a um amigo muito chegado também pode ser dito agora com os inquietantes aumentos de internações por Covid.

Overdose

Conheci um médico que teria tomado quatro vacinas diferentes. Quem jacarezeou foi um amigo. Explicou que cada vacina tem uma concepção de ataque ao vírus. Entender eu entendi, mas seria saudável?

Já nem pergunto como ele as conseguiu, porque com dinheiro se consegue tudo aqui ou em outro país.

Turismo vacinal

Um poderoso empresário do interior colocou toda a família no avião e foi para Riad fazer turismo vacinal. O pacote todo, hotel, viagem, vacinas com médico de prontidão por alguns dias custou R$ 350 mil.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »