Bucha de canhão
A guerra avança, líderes mundiais a fazem ou a condenam no conforto dos seus gabinetes e bunkers. Enquanto isso, o povo, ucraniano no caso, vê sua vida destruída, e o futuro entre a miséria, morte e fome. E é em nome dele que se cometem atrocidades.
Questão maior
O que realmente precisaríamos saber é se o Kremlin contava com toda essa resistência ucraniana e a forte reação da Europa, inclusive a da Alemanha. Militares costumam traçar cenários assim como economistas traçam cenários, um otimista, outro médio e um terceiro pessimista. Em qual deles o autocrata Vladimir Putin acreditou?
Nunca saberemos ao certo, mas talvez ele não contasse com a solidariedade inclusive militar, a ressurreição da NATO, a entrada da Alemanha na briga e o fornecimento de armas. Putin poderia ter no seu cenário a reação norte-americana por óbvio, mas bloqueio de contas de bancos e bilionários russos. Entretanto, a Rússia tem 720 bilhões de dólares de reservas cambiais mais 50 bilhões em ouro. Mas cortar o Swift, o PIX de um país?
De qualquer modo, os EUA estão longe. E afora fornecer armas, não há até agora intenção direta de mandar frotas para fortalecer a NATO (ou Otan) com elas. De resto, a ameaça de retaliar a Suécia e a Finlândia embute um segundo e terceiro fronts, o pesadelo dos generais. Vide Hitler.
Por último…
Invadir um país é uma coisa. Mas manter essa ocupação por anos com tropas e equipamentos sujeitos à guerrilha e sabotagens dos invadidos, aí o furo é mais embaixo. Quando não entra dinheiro novo, o caixa esvazia rápido.
O que se passa na cabeça dos bilionários russos e a máfia russa? Guerras são ruins para os negócios, já diziam os mafiosos americanos em 1930. Patriotismo? Dinheiro não tem pátria.
Porém…
Voz de comando
Um idoso folgazão e bem-humorado tem como hábito tirar sarro dos outros em cafeterias da rua Padre Chagas. Quando não é com os outros é com ele mesmo. Outro dia chegou perto da sua BMW e falou em voz alta.
– Abre, panaca.
As quatro portas destrancaram.