Briga de guris
Na briga de Donald Trump com a China, as retaliações comerciais parecem aquelas brigas dos meus tempos de guri, ao menos por enquanto. Quando a gente se estranhava no colégio, a turma do deixa-disso não fazia a sua função e, sim, questão de que a luta começasse. Como nenhum dos dois lados queria partir para as vias de fato, a ordem era evitar ao máximo a terceira guerra mundial.
– Se tu é bem homem, passa por cima deste risco – e com a ponta do calçado, fazia um risco imaginário no chão.
– Ah, é!? Pois eu passo! – e colocava timidamente um terço de pé cauteloso sobre a marca.
Geralmente, ficavam em paz, até que um deles, o que se julgava mais forte, cuspia no chão.
– Ah é, é!? Se tu e bem homem, pisa em cima do meu cuspe.
O outro pisava ou não. Mas aí as cenas de pugilato já pareciam mais remotas do que justiça rápida.
Certa vez, de tanto o outro cuspir e enticar, resolvi pular a parte de pisar na cuspida e acertei o nariz do meu colega. Ele ficou dizendo: “Ah, é!? Ah, é!?” durante meia hora, enquanto que eu entrava em agonia, pensando que causara uma hemorragia perene na cara do meu amigo.
Fizemos as pazes. Oxalá os EUA de Trump e a China façam o mesmo. Até porque tem muito dinheiro envolvido nos dois lados. Para que uma discussão descambe em prejuízo total. Às vezes, o dinheiro vem para a paz.