Baco castiga

5 dez • A Vida como ela foiNenhum comentário em Baco castiga

Se tem uma coisa que bebum gosta é dizer que um amigo está bebendo muito. E geralmente isso é dito quando o cara já está mais pra lá do que pra cá, e quase sempre atrás de um copo de uísque ou outra bebida qualquer. Autodefesa, claro. E cheio de grau.

– É para o bem dele – é a justificativa.

Há anos, quando o Centro de Porto Alegre fervilhava de bares, houve um caso famoso. Um advogado que pertencia à turma dos “Em pé”, bebedores que preferiam ficar de pé junto ao balcão em vez de beber sentados em mesa, costumava dar talagaços de mais de metro em um aperitivo à base de maracujá e cachaça. Empinava os copos, enxugava a boca com o dorso da mão e saía do bar – o Pelotense, no caso. Não sem antes parar na ruidosa Mesa Um. Dedo em riste, rogava a praga apontando as futuras vítimas com o indicador.

– Primeiro, vai o advogado. Depois, o juiz. Adiante, o gerente do banco, o jornalista, o pecuarista…

E assim determinava a morte de todos porque bebiam demais. Um dia, ele fez a cerimônia de apontar os colegas, deu boa-noite, saiu para a rua e, ao atravessá-la, caiu duro e cheio de mosca.

Foi o primeiro. Os outros estão vivos ou morreram de velhice.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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