Atentados terroristas
No tempo em que sanduíche aberto obedecia a padrões bem demarcados de honestidade as boas casas do ramo forneciam, basicamente, os mesmos ingredientes. Pão especial (mas podia ser o branco, não fica feio nem ruim), presunto e variações, como salame italiano e lombo de porco, mais queijo de boa espessura, picles (pepino), o resto como cenoura em conserva é frescura e estraga o sabor do conjunto da obra, mais tomate e o tradicional molho de carne. Em cima de tudo, mostarda a gosto.
Presumo que, de alguns anos para cá, gnomos do mal tenham sussurrado no ouvido dos donos de bar que deviam mudar a composição de uma das mais saborosas comidas que a humanidade inventou. Então veio o desastre. Algumas casas oferecem sanduíche quase só de pepino, e quase sempre de conserva do tipo que se doa para o fome zero.
Outros estabelecimentos servem sanduíche aberto de cenoura em conserva, ou de tomate. Nestas modalidades o presunto e o queijo são tão finos que quase flutuam no ar; em compensação, a fatia do pão é grossa como bíceps de pugilista. Então chegou-se ao máximo de pobreza, o sanduíche de pão.
Para identificá-lo basta fazer uma operação bem simples. Quase sempre na ponta do iceberg está uma azeitona, depois cenoura e pepino. Queijo e o presunto ou o salamito são quase invisíveis, praticamente uma sugestão na melhor formulação “onde estás que não te vejo”. É a glória.
E cobram por isso.