As calcinhas do presidente
Fiz um balanço dos escândalos oficiais brasileiros no passado e cheguei à conclusão que o maior, o mais terrível, aquele que chocou a tradicional família brasileira foi quando a modelo Lilian Ramos apareceu sem calcinhas no palanque oficial do Carnaval de 1994, ao lado do presidente Itamar Franco e seus fiéis escudeiros. As fotos, tiradas de baixo para cima revelaram a ausência da peça feminina.
Moralistas radicais queriam até o impeachment do presidente, deputados gaúchos inclusive. Os meios castrenses também sentiram o golpe da ausência, e tinha general querendo a cabeça do Itamar.
A cena fotografada era hilária, porque Itamar achava que toda a movimentação dos repórteres era por causa da modelo ao seu lado, que ninguém sabe realmente como foi parar lá. O fato é que ninguém retirou-a, como seria o normal. Mesmo antes de se saber que ela estava descalcificada.
Desconfio que a marvada foi ingerida em doses industriais pela entourage do presidente. O Itamar sambando foi outro espetáculo.
Agora vejam como são as coisas. Há pouco mais de 20 anos, uma titica de nada alvorou o país inteiro. Foi capa de todos os jornais e fez o povo rir pra caramba durante semanas, enquanto outros queriam varrer o presidente do mapa político. Como na expressão latina “o tempora, o mores”, literalmente “oh tempos, oh costumes”, começo de um discurso do cônsul romano Marco Túlio Cícero, em 63 a.C.
Eu gostaria de ouvir o comentário de Cicero hoje, se vivo fosse.