A teoria do H

21 set • NotasNenhum comentário em A teoria do H

Dei-me conta que, em palavras que têm H no início, poderiam dar uma boa chacoalhada para derrubá-la. O português com H no início não tem H aspirado como no alemão e na língua inglesa.

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Hipótese, hipócrita, hóspede poderiam perfeitamente ser ipótese, ipócrita e óspede sem prejuízo da pronúncia. Tem a ver com raiz grega e coisas assim.

O H na última flor do Lácio é dispensável. Assim como parte do funcionalismo nem-nem, nem trabalha nem larga o osso, enquanto colegas são operosos e fazem jus aos vencimentos.

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Maioria dos países do primeiro mundo restringe o funcionalismo público a um mínimo indispensável. O primeiro-ministro do Japão só pode ter um assessor especial e motorista fora do quadro. Mas o que diferencia estes países com o nosso?

O funcionário público nomeado sob o manto de CC, cargo em comissão, e os indicados pelo partido ou partidos coligados com o do presidente. Esses também podem ser chamados de paraquedistas, porque caem para cima ou vem de cima. Do teto ao hall nobre, sem escalas.

Os invisíveis

Na linguagem destes arrivistas, certos cargos valem a pena nem tanto pelo que ganham, mas pelo ponto. “Ponto” com aspas, significando ponto bom para fazer negócios, nem sempre legais.

Quando são legais, são imorais. Considere sempre que protegidos ou amigos do rei exigem pós-graduação no Instituto Butantã. Não pelas vacinas, mas pelas cobras.

Este tipo de ofício jamais estará em extinção ou extinto. Ocupam lugares que deveriam ser de funcionários de carreira, mas são hábeis em camuflagem do que realmente fazem. Tirando as pompas, são como o H no início da palavras. Não dançam nada, mas querem luz negra. É deles o reino do Poder.

Os H do serviço público já foram definidos como aspirantes a uma boquinha. Não querem emprego, querem boquinha. Quanto menos basquete melhor. Assinar ponto nem com banda de música. 

O suspensório da cobra

Há outra categoria de H, que bota suspensório em cobra correndo. Nos anos 1980, havia um funcionário CLT da Assembleia Legislativa gaúcha que era presença permanente na assessoria de imprensa. 

Trinta anos depois, ele entrou na Justiça do Trabalho exigindo salários, 13o, férias e todos os direitos de um assalariado comum. Era uma fábula de dinheiro, além dele exigir aposentadoria integral. E ganhou.

Acontece que ele nunca foi funcionário da Assembleia. Como quem não quer nada, ia todos os dias, telefonava para as redações, escrevia releases da Casa e dos deputados como se funcionário fosse. E ninguém o questionou nem estranhou sua presença, como sempre acontece no serviço público.

Fazia parte da paisagem e esperou com paciência chegar aos 30 anos de trabalho para entrar na Justiça.

Ao contrário dos fantasmas, este pelo menos trabalhava. Quem pagou a conta foi o contribuinte. Quando se trata de prejuízo causado ao contribuinte, esse prejuízo é como o H no marchei, marchamos, mas somos H antes da palavra.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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