A sentença do baixinho
Certa sexta-feira de tarde de 2010, eu saí da redação do Jornal do Comércio rumo ao minimercado do Soares, meia quadra adiante. Logo que dobrei o estacionamento, vi-me atrás de um sujeito lá pelos 60 anos, magrinho e baixinho, cujo andar oscilante e sempre rente aos prédios não deixava dúvidas, ele tinha acabado de abastecer. E seu tanque flex só continha álcool. Estava perdendo a guerra contra a Lei da Gravidade.
Não que naquele ponto a calçada estivesse muito irregular. Mas como o baixinho parecia estar fazendo esqui em pedras de basalto com seu caminhar arrastado, não demorou e ele tropeçou em uma delas.
O corpo foi jogado para a frente e, por pouco, não foi ao chão, num daqueles raros casos em que a gravidade perde. Recompondo-se, o tanque móvel olhou para a malvada lajota, espetou um dedo acusador e abriu a vozinha molhada de cachaça.
– Prefeito fiadaputa!