A Rainha Galinha

7 mar • NotasNenhum comentário em A Rainha Galinha

Para o comando que vos escreve, a Galinha – com G maiúsculo – é tão importante que todas as cidades deveriam ter uma estátua homenageando este ser cacarejante. Ela e o seu produto que até aerodinamicamente é um achado – sua majestade O Ovo, também com O maiúsculo.

O jornalista e compositor Stanislaw Ponte Preta dizia que não tem comida ruim que não melhore botando um ovo frito em cima. Eu acrescentaria mais um, dois ovos fritos por cima. Se não estiver frito serve cozido. Proteína pura, 20 gramas de puro prazer.

https://www.banrisul.com.br/bob/link/bobw00hn_promocao.aspx?secao_id=3909&utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=blog&utm_campaign=ipva_2023&utm_content=escala_600x90px

No passado, seres repugnantes insistiam que ovo tem muito colesterol. Mas os arautos do bem concluíram que a maior parte do colesterol ruim se transforma em LDL, colesterol bom.

Para eles, tudo tem colesterol e, se pudessem, proibiriam a gente de beber água. Outro dia, vi uma dessas profetas do apocalipse carnívoro dizer para uma amiga sentada ao lado que estava com remorso, tinha comido uma empada. Cruz credo, disse a outra, como pudeste?

A carne que nada

Pois é. Como fomos cair nessa conversinha de abominar proteína animal? Que se induza a gordura vá lá. Mas proibir de todo é renegar 300 mil anos de história do homem. Desde que ele desceu das árvores e começou a caçar e comer carne.

https://cnabrasil.org.br/senar

Carne vermelha tem em torno de 40% de proteína; de porco, 30%; e carne branca, 25%. Caso do peixe. Mas ela é facilmente digerível e compensa os gramas a menos.

Tão pequeno, tão comível, o ovo se presta a várias formas de sabor. Frito – pode ser em água, madame que tem nojo de azeite, ovo quente, ovo mexido, ovo pochet, entre outras, sem falar nas sobremesas. Alguém aí é contra os doces portugueses?

Abro meu voto da sobremesa perfeita: torta de nozes com creme de ovos. Sim, sim. Eu sei que é uma bomba calórica, então me invejem por eu ter açúcar baixo. 

Claro que gosto de outros doces, como a torta Marta Rocha e a Rei Alberto. Mas os copinhos com creme de ovos são os preferidos.

Galináceos idosos

Voltemos à galinha. Até a década de 1950, a galinha era cara. Como já falei aqui, pobre quando comia galinha, um dos dois estava doente. Alusão às canjas de hospital, em que fiapos de carne apenas sobrevoam a canja.

Entretanto, tínhamos galinhada – não confundir com risotto – que coroa o final das galinhas da terceira idade. Mas tem que cozinhar por muito tempo, o que deixa o arroz irresistível. O resto, galeto etc dispensa comentários.

A falta do fio terra

Governantes precisam ter um fio terra, assim como eletrodomésticos. Quanto menor a distância entre ele e o povo, mais eficiente será sua gestão, se ele for do ramo.

Caso dos prefeitos, especialmente das cidades pequenas. Quanto maior a cidade, menos fio terra eles têm.

Entenda-se como fio terra o que também chamo metaforicamente de conversa de bar, onde você fica sabendo da real. Governadores e presidente também necessitam dessas conversas.

Ao natural já seria obrigatório. No Brasil, os assessores só puxam o saco do chefe. E, quando eles acordam, Inês é morta.

Mas como que ninguém me falou desse ou aquele pepino? – falam quando a fatura chega e surge um rombo ou escândalo no primeiro escalão. Ou quando perdem a reeleição que achavam certa, tão certa como ovo no fiofó da galinha.

Como administrar mal

É um erro histórico dos nossos políticos. Em vez de chamar os caras e dizer a eles que serão demitidos caso não tragam o que é ruim na administração, preferem ouvir elogios tão falsos quanto uma onça com chifres. É tão fácil e, ao mesmo tempo, tão difícil adotar esse sistema.

São práticas que vêm desde os anos 1960, ouso dizer. Depois é um festival de puxa-saquismo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »