A maior perda

10 out • Sem categoriaNenhum comentário em A maior perda

De alguns anos para cá, os brasileiros perderam muita coisa. Condição acentuada pela pandemia e agravada pelos tempos de briga política.

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Mas o fator principal dessa perda não foi a bipolarizacão, foi a paulatina falta de noção, cuja pior faceta foi não conseguir contextualizar os assuntos lidos ou ouvidos. Não só.

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A perda a que me refiro é do senso de humor. Efeitos colaterais: incapacidade de perceber ironias em textos. Mesmo com os três pontinhos no final da frase, pormenor que alguém que a entrega como estilo, detestam. Mas somos – sou – obrigados a usar.

Então é perda ampla cuja causa maior é o baixo estoque cultural, baixo estoque de palavras derivado da diminuição da leitura. O brasileiro não lê mais nem bula de remédio, salvo os hipocondríacos. Que não têm senso de humor ipso facto.

Qual é a velha?

Tirando piadas toscas sacadas de ocasião e o pior humor que existe, o trocadilho, quem com mais de 40 anos tem ouvido piada nova? Piada de verdade, saliento.

Houve tempo em que havia tinha pontos da Rua da Praia de Porto Alegre que as pessoas se inspiraravam em contar piadas novas e até em criá-las, acreditem.

Esclareço que não se deve confundir senso de humor com piada. O primeiro é uma condição de vida, você a tem ou não tem. A segunda é humor de momento.

Quem não entende a diferença definitivamente não tem senso de humor. Porém, e sempre tem um, há uma camada que o exercita e a entende. É uma tribo, os sobreviventes do humor.

Talvez seja o ritmo trepidante da vida de hoje, talvez seja o fato de ter mais mês que salário, talvez seja a constatação advinda da pandemia, de como o ser humano é frágil, talvez seja tudo junto. O fato é que ficamos mais tristes e mais deprimidos. E, de vez em quando, sacudimos os guizos falsos da alegria.   

100 metros rasos

A forma como alguns partidos apregoam crescimento nas eleições parece a história dos 100 metros rasos disputados por um atleta russo e outro norte-americano nos anos da guerra fria, para o tira-teima.

O americano ganhou folgado do atleta soviético, que comeu poeira. No dia seguinte, o Pravda, porta-voz do Kremlin, deu a seguinte manchete.

– Nosso herói ficou em segundo lugar.

E logo abaixo.

– O americano ficou em penúltimo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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