A galinha que bebia cerveja
Cada lugar tem sua história, e alguns têm histórias de mais de 50 ou mais anos, como bares e restaurantes. O interessante é que muitos mudaram de dono tantas vezes que não se sabe a origem, quem foi o primeiro dono ou donos.
Caso do Chalé da Praça XV, que servia como cenário para reuniões familiares regadas a chope e gasosa já nos anos 1930. Outro foi o hoje desaparecido Bar Arthur, na Alberto Bins quase esquina com a Conceição, à direita. Nos anos 1940 e 1950, era reduto de alemães. O apogeu foi nos anos 1970 e 1980, quando operado por seu Helmuth Klein e sua irmã Margô. Se não fossem os alemães, os bar-chopes não teriam existido.
Recentemente, fechou o Van Gohg, na Cidade Baixa, mas a origem remonta aos anos 1960, ficava na Protásio Alves, perto da igreja. Era para ser Van Grigh, mas já existia um homônimo no Rio de Janeiro. A decoração batons de amarelo e marrom, com fundos de garrafas coladas nas paredes. Foi o tempo de batizar este tipo de estabelecimento com nomes de artistas e pintores. Assim, tínhamos o Rembrandt, na Doutor Timóteo, cujo dono, seu Kurt, foi assassinado por terroristas por motivos ideológicos.
Na esquina da Cristóvão Colombo com Garibaldi quedava o Brahms, depois Barcaça, comprado que foi pelo ex-prefeito Sereno Chaise, que também adquiriu o Stylo Bar, uma quadra acima, na Independência. Na Auxiliadora, o Urbano’s Bar ficou famoso na década de 1970, por ter uma galinha que bebia cerveja, apelidada de La Passionaria, uma revolucionária espanhola. Foi levada ao vício por uma turma de pândegos, que derramava cerveja em cima da mesa e a induziam a beber. Morreu alcoólatra, a coitada, que esteja feliz no céu das galinhas.
Todos eles tiveram seu apogeu nos anos 1960 e o perigeu no início dos anos 1980. Entre outras causas, matou-os a falta de estacionamento. Havia outros famosos, mas fica para outra hora. Da época, só dois um remanescentes, o Prinz, hoje na Dom Pedro II e antes na Protásio Alves, e a Caverna do Ratão este mais novo. Longa vida aos dois.