A comida que não cai do céu

1 dez • NotasNenhum comentário em A comida que não cai do céu

Há tempos alguém quis criar a Taxa de Desperdício para quem deixasse comida no prato em restaurantes. O Procon disse que era ilegal a cobrança de taxa de desperdício no caso.

Pode ser ilegal. Mas até que seria uma medida de acordo com os tempos. Já contei aqui como os europeus se escandalizam quando observam como nós desperdiçamos comida, o que é uma realidade inquestionável. Comemos mais com os olhos.

Nas churrascarias, ninguém come ponta de espeto, nem o de baixo nem o de cima. Nos de espeto corrido, pegamos uma parte do corte oferecido e, mal comemos um pedaço, lá vem o garçom com outro.

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Mesmo em casa deixa-se comida no prato, menos onde a grana e a comida escasseiam – nos lares pobres. Mas depende da educação que se recebe.

Ai de mim se eu deixasse comida no prato nos tempos de infância. Lembro até hoje como meu pai abria um bocão quando ainda havia alimento no prato. Meus tios, onde eu almoçava de vez em quando, também tinham esse rigor.

Nas colônias alemãs, acontecia o mesmo. Como nos duros anos em que colono mal e mal conseguia comprar comida de fora, os alimentos plantados nas lavouras de subsistência tinham que dar para todo mundo. Às vezes, seis ou mais pessoas. Assim como o dinheiro, a comida não cai do céu.

Na verdade, nós nunca vivemos uma crise de alimentos como os europeus nos anos 1900, seja pelas guerras mundiais, seja pelos desastres climáticos. Meu pai sempre dizia que nós nunca vivemos uma crise de verdade. Por isso, empregamos a expressão desnecessariamente.

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Crise, dizia ele, é comer carne podre de cavalo nas ruas das cidades bombardeadas. Crise é ter que ferver sola de botina por horas para extrair alguns gramas de proteína.

Asinus asinum fricat

Provérbio latino, um burro coça outro burro. Diz-se de pessoas sem merecimento que se elogiam mutuamente e com exagero.

É comum nos parlamentos e grupos de WhatsApp. Entre artistas também. Me elogia que eu te elogio.

Por falar em artistas, já notaram que, em um conjunto musical, os instrumentistas sorriem uns para os outros no meio das músicas. Meio com cara de patetas porque alguém os ensinou que funciona para o público. Há uma outra leitura, esses sorrisos sem procedência definida significam “olha como nós somos uma tribo da qual vocês não participam”.

O balanço do Petry

O tradicional almoço de confraternização da imprensa da Fiergs, balanço do ano que passou e as projeções para o que vem, teve público recorde. O presidente Gilberto Petry é um ás na arte de combinar seu vasto conhecimento da economia e relações com o Poder com tiradas que arrancam risadas da plateia. Dá para dizer que ele entende dos dois ramos.

O economista-chefe da entidade Giovani Baggio traçou o panorama visto do final do ano como um cenário de incertezas internas e externas. Aqui, ele destacou “receitas superestimadas e despesas subestimadas”. Um detalhe que parece, mas não é irrelevante, é o excelente sistema de som da entidade, que permite que se ouça alto e claro os palestrantes.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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