A cerca foi feita para ser pulada (*)

12 jan • NotasNenhum comentário em A cerca foi feita para ser pulada (*)

O esporte preferido durante veraneio no litoral gaúcho é pular a cerca. A história dessa modalidade quase olímpica teve um marco divisório, cravado em algum momento entre o final dos anos 1970 e início dos 1980. Na pré-história dessa atividade, maridos deixavam mulher e prole nas praias e voltavam para a cidade grande no domingo à noitinha. Foi a época em que churrascarias cult como o Barranco lotavam domingo de noite.

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Foto: CanvaPró

A hora da onça beber água

Alguns comensais só ficavam ingerindo proteína, outros só bebiam fazendo olhinho para a mulherada casada ou solteira. Tudo no meio respeito, claro. Feita a ingestão, rumavam para casas onde habitavam moças de vida alegre. Na manhã seguinte, iam trabalhar com pouco ou nenhum remorso. Da final, eles traziam dinheiro para casa.

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Enquanto isso, as respectivas donas de casa cumpriam um ritual. Café para as crianças, quilos de protetor solar, praia, guarda-sol, milho verde  – nunca entendi o nome, afinal era milho amarelo. Caipirinha de leve, cerveja em lata, e olhares com olhos semicerrados para algum rapagão de sunga ou os salva-vidas. Mas cadê coragem? Na volta, banho, almoço, sesta, caminhada à beira-mar, jogo de cartas à noite ou uma banda no centro. Pecado só no pensamento.

A cerca é para todos, viva a cerca!

Pois foi neste ponto que os planetas se alinharam. Sabendo ou suspeitando que o maridão podia estar trabalhando de motel, devidamente aninhado nos braços  de alguma percanta que veio a ideia de dar o troco. Quem tinha carro passava lentamente nas ruas chamadas beira-mar e  disparavam flechas de volúpia nos rapagões caminhantes. A única dúvida era onde.

O jogo havia empatado. E os caras com aliança no dedo anular esquerdo se olhavam no espelho e diziam “ainda bem que casei com uma santinha”.

(*) Claro que isso não vale para todas.

Rumo à leitura zero

Nos últimos três anos,120 milhões de brasileiros não compraram nenhum livro. Pior ainda, não leram nenhum. Não somos uma sociedade viável.

Lembra uma piada (?l) dos anos 1980, uma mãe pergunta ao marido qual o melhor pressente para o filho que está de aniversário.

– Um livro.

– Livro não, ele já tem um.

Deu no jornal

Que a nova moda nas praias e usar cores luminosas verde, rosa e vermelho, entre outras. Grande coisa. Os camelôs da Rua da Praia que vendem redes (nordestinas?) sentiram essa aragem em julho do ano passado.

redes soloridAS vendidas por camelôs foto de fernando albrecht c

Foto: Fernando Albrecht

 Não tem jeito

A vocação brasileira de brigar por motivos de somenos importância tem um exemplo nos grupos de WattsUp que tem a mesma ideologia. Apesar ou por causa disso trocam radicalismos em ponto de fusão da raiva.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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