A Boate Azul

17 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em A Boate Azul

Há anos, morreu um cantor que muitos achavam brega, mas que, ao seu modo, era bom pra burro, Reginaldo Rossi. A música Garçom – “Aqui, nessa mesa de bar/Você cansou de escutar/Centenas de Casos de amor/Garçom/No bar todo mundo é igual” – é antológica.

Eu tenho o pé na jaca sim, mas me diga se letras que são cantadas como “Taravesseiros sortos…” e chamadas da zona do interior com show de “Conchita de Los Rios – Completamente seminua” não tem lá seus encantos.

No caso de “taravesseiros” é cacoete de rádio de prolongar consoantes.  Impropriamente chamada de música sertaneja, duplas como Matogrosso & Mathias cantavam dores do coração suburbano, como a inigualável “Boate Azul”. Começa com “Doente de amor procurei remédio na vida noturna/Como uma flor da noite em uma bote aqui na zona sul/A dor do amor é com outro amor que a gente cura”.

Quem gosta de palavras bem arrumadas com sínteses perfeitas não pode deixar de admirar outro trecho da Boate Azul: “E quando a noite vai se agonizando no clarão da aurora/Os integrantes da vida noturna se foram dormir.” 

Esta última frase é de uma graça que poucos compositores e até mesmo grandes escritores e poetas seriam capazes de criar. Perfeita. Já falei aqui, ninguém da geração depois da minha entenderá o clima dos cabarés dos anos 1960. Os integrantes da noite éramos nós.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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