A alegria das pequenas coisas diárias
Ouvi essa frase de uma francesa, cuja família é proprietária de uma mansão centenária na Costa Azul da França, contando como foi sua infância na casa e na beira do Mar Mediterrâneo. Especificamente, ela contou das pequenas alegrias que uma criança tem nas coisas mais banais que nós adultos não curtimos mais.
Como me senti solidário com ela. Um tufo de grama vira a floresta Amazônica, um pedaço de madeira lembra algum animal, um arbusto se transforma em árvore gigantesca. Lembro do meu primeiro “automóvel”, um caixote de madeira, uma direção pregada em estaca fincada no chão, os pedais duros em forma de “T”, um acelerador laboriosamente fabricado usando pedaço de câmara de bicicleta para fazer as vezes de mola.
Se ela tinha o Mediterrâneo, eu tinha as areias brancas de Tramandaí – por que não são mais brancas como lembro? O cheiro da maresia parecia mais forte, mas era bem-vindo. As pequenas conchas, o contato com a primeira onda, espetar o dedo na areia, cavoucar um braço para vê-lo se encher de água salgada. Meu Deus, como eu curtia essas pequenas coisas diárias, fosse na praia ou no meu reino particular da São Vendelino que não volta mais.
Então começa a tristeza de não ter mais a alegria das pequenas coisas diárias.
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