Negócio da China
Para se dar bem na China, deve-se ter muito cuidado com alguns procedimentos durante a aproximação física, sob pena de estragar a relação. Chinês não gosta de intimidades, tapinhas nas costas, beijinhos e abraços, efusivas manifestações de afeto em público. Falar baixo é obrigação. E para eles, cartão de visitas não é papel, é documento. E nem tente o porturim, português com mandarim.
Agora o contrário. Se nós fôssemos os anfitriões, vocês chineses devem se acostumar com nossa gritaria – ao celular, quase que o outro cara ouve direto -, cartão de visita pode ser um papel de pão ou pedaço de guardanapo de restaurante. Vocês serão chamados de queridos, serão beijados, os tapinhas nas costas se transformam em porradas depois do quarto chope. Muitos executivos tentarão levar vocês para a Tia Carmem, mas quem paga a conta é o convidado.
Chinês, preste atenção: quanto mais você falar o dialeto mandapor, mandarim com português, mais os brasileiros o admirarão. E não se preocupe em não ser entendido, para não passar por ignorante, a gente finge que fala mandarim desde o jardim de infância ou maternal.
Se vocês pegarem bem o espírito da coisa, farão qualquer negócio. Mas nada de fio de bigode, como vocês ainda gostam. Leve uma lupa poderosa para ler os contratos. É uma regra de ouro: procure antes saber por qual time ele torce e diga que na China você torce por ele.
Finalmente, prepare-se para a piada pronta. Para os gaúchos, China tem outros significados. Um urbano e outro guasca.