A vez do sacristão
Lembrei de uma dos tempos de colégio. Todo santo dia o sacristão chegava no quarto do padre com o café da manhã e o acordava com a mesma frase.
– Bom dia, padre. O dia está lindo, o café está quente e cheiroso com bastante açúcar, como o senhor gosta, o pão tá bem fresquinho, crocante, e a manteiga foi batida agora.
Isso dia após dia, mês após mês, ano após ano. Até que uma manhã o sacristão entrou no quarto e pegou o padre de corno azedo.
– Já sei, já sei. O dia tá lindo, o café está quente e cheiroso, com bastante açúcar como eu gosto, o pão tá fresquinho, crocante, e a manteiga foi batida agora.
Deu azar. O sacristão também não estava na dele.
– Não mesmo, nada disso, padre. O dia tá uma merda, desabou um toró filho da mãe, o café tá frio, fraco e fedorento e com pouco açúcar, o pão é de ontem e a manteiga tá rançosa.