Um mocotó longe demais (final)
Foi ele falar e também me deu uma vontade louca de comer mocotó. Pensamos em um restaurante nas proximidades da Benjamin Constant. Deixei a máquina de escrever em posição de descanso e fomos para a rua onde o Dodge Polara do meu amigo estava. Antes, preciso dizer que o Polara, carro médio fabricado na Argentina do tamanho do Gol, estava em petição de miséria. Acho que a única vez que viu uma oficina foi no ato da compra.
Na primeira curva à esquerda, a porta do meu lado abriu e, em tempos de andar sem cinto, quase caí do cavalo. Na esquina seguinte, o Lamaison falou que o freio estava muito embaixo, e em seguida senti o cheiro de balaca queimada do freio a tambor. Mais adiante, o motor apagou sem mais nem menos. Mas conseguimos, enfim, chegar no destino. Ao mocotó, cidadãos!
Que nada. A casa estava fechada devido ao feriado. E assim fomos à procura do Mocotó Perfeito em vários bairros sem sucesso. A pior coisa do mundo é você imaginar comer um determinado prato e dar de cabeça em porta fechada. Mas fomos até o fim, lembro do Lamaison dizendo que subiria a Serra se preciso fosse, para achar quem servisse o prato.
Não foi preciso. Achamos um restaurante em Cachoeirinha, bem longinho de Porto Alegre. Só que a fome já tinha se esvaído. Depois ele me deixou na redação. Sobrevivemos ambos. Mas a viagem de volta foi tão ou mais acidentada que a ida. Nos despedimos, e então falei.
– Lamaison – pronunciava-se Laméson – sou candidato a outras experiências culinárias por longe que fiquem, mas não a bordo no teu carro!