Ultraforte
Nunca houve uma lenda urbana tão disseminada no Rio Grande do Sul quanto a história do cara a quem deram um pedaço de queijo recheado com mostarda ultraforte botando pelo ladrão. Após a primeira mordida, lágrimas desceram dos seus olhos, e não foram lágrimas de alegria. Como garantiram que tinha que aguentar a cura, ele comia e dizia:
– É brabo, mas é queijo…
Como todas as lendas urbanas, deve ter um fundo de verdade, em algum momento, em alguma cidade, em alguma festa ou baile. E como foi parar em Porto Alegre? Porque, até meados do século passado, eram poucos os nascidos na Capital gaúcha, a maioria vinha do interior do estado. Então, entre idas e vindas a história veio junto.
Do meu lado, o causo teria acontecido em Montenegro no início dos anos 1960, em algum baile de Kerb em um distrito de colonização alemã, que atraía os citadinos. No final do baile, era servido um café da madrugada com cuca, linguiça, queijo e café preto. O pinguço tinha sólida reputação de alterar a consciência de forma líquida, então fazia sentido.
A do queijo com mostarda fortíssima não sei, mas eu me amarrava em cuca com linguiça e café preto. Era melhor que cerveja, mas só depois dela.