Segundos de glória
Ouvi de uma fisioterapeuta, encarregada de cuidar de garotas que praticam ginástica rítmica, que boa parte tem fissuras nas vértebras ou espinha em geral, para me fazer entender, que é um esporte ou uma atividade física que exige muito esforço e que muitas garotas ultrapassam o limite de segurança. Vejo isso também na musculação do meu clube, aqueles caras que fazem esforço sobre-humano para ganhar milímetros de musculatura.
Nesse estágio, para mim, já virou doença, principalmente quando usam anabolizantes. Parênteses: quando é mulher que usa, a pele exala um cheiro ruim pra caramba. A musculação exagerada é a bulimia ao contrário. Agora peguem as atletas de modalidades olímpicas. Uma vida de treinamento massacrante e de dores violentíssimas, sem tempo nem mesmo para curtir a vida. Tudo por alguns segundos de glória no pódio ou meses de amargura adicional quando não conseguem a medalha. Não raro, até bronze dá depressão.
Certa vez, li uma entrevista do treinador da ginasta romena Nadia Comaneci, que em 1976 ganhou mais ouros do que o estoque de Fort Knox. A repórter perguntou a ele qual era a meta que exigia da sua pupila. Ele então respondeu com uma frase que precisa ser entendida no contexto.
– Fica no ar sempre.