Segundo Vargas Llosa

25 maio • ArtigosNenhum comentário em Segundo Vargas Llosa

Em Madrid, o bairro de Lavapiés não tem as ruelas de traçado irregular que cercam a Plaza Mayor. Muito menos é cortado por avenidas largas, cheias de lojas de grife como a Calle de Alcalá. Nem se vê por ali aquelas fontes monumentais que em outros pontos, os turistas posam para suas fotos. Lavapiés é um bairro para iniciados, para quem acredita que “turistar” também é tentar chegar perto do estilo de vida de um lugar. Por isso e, por ter virado uma vibrante e colorida concentração de imigrantes a partir dos anos 80, década em que Ricardo e a menina má estão em Madri – foi escolhido por Vargas Llosa como o principal cenário de seu romance na capital espanhola.

Localizado bem próximo da região central, Lavapiés tem como referências mais conhecidas, dois vizinhos: o museu Reina Sofia, onde está o quadro “Guernica” e a estação de metrô Atocha, que sofreu o atentado terrorista de 11 de março de 2004. Em cerca de 15 anos, pequenas lojas de design, brechós e bares, começaram a surgir no pedaço e o bairro ganhou vida ainda que tenha algumas ladeiras. Lavapiés não têm área muito grande, por isso, é um bairro para caminhar, tanto durante o dia quanto à noite. – O madrilenho tem hábito felino de ir para a rua o mais tarde possível. Antes do pôr-do-sol, gasta seu tempo olhando vitrines e entrando e saindo de lojinhas. Uma das mais curiosas é “Pepita is dead” da estilista Cristina Guisa… – Um daqueles casos em que a dica não vem do livro mas vale a pena. Ela própria recebe a clientela e explica que ali só estão à venda as peças de roupa, sapatos, tênis e óculos originais dos anos 60 e 70 (as calças Lee também já eram sucesso por lá).

Além de pequenas galerias e ateliês, Lavapiés abriga um dos mais efervescentes centros culturais: La casa Encenada, uma construção onde ocorrem cursos de artes plásticas, teatro, cinema, exposições e festivais de música – é um pouco do que a Casa do Saber de São Paulo ou Studio Clio daqui de Porto Alegre fazem…

Entre dezenas de bares e cafés do bairro, caia, antes de mais nada, no Barbieri. Lá Ricardo passa boa parte de suas tardes em uma mesa de fundo que, no lugar de cadeiras, tem poltronas. Nesse cenário também se dá um dos mais emocionantes encontros entre protagonistas, o local virou ponto de peregrinação dos fãs do romance.

Apesar de não estar no livro, o La Buga Del Lombo merece uma visita, solitários casais ou até familiares procuram suas porções de tapas, saladas e pratos para um almoço tardio. Mas à noite, a música latina sobe o volume. Seu balcão e o colorido salão vão sendo tomados por gente jovem que com uma taça de vinho na mão e um cigarro na outra, se encontram para o happy hour, antes de seguir para o próximo bar.

No domingo não deixe para acordar muito tarde se o seu objetivo for conhecer El Rastro, o mercado de pulgas da capital espanhola, outro lugar frequentado por Ricardo em suas tardes madrilenas. Desde as 10 horas da manhã e até as 16 horas, mais ou menos (dependendo do verão ou inverno), centenas de barracas e milhares de pessoas tomam conta da ribeira de los Curtidores, uma imensa alameda que se transforma em formigueiro. Tradicionalmente, os visitantes do Rastro começam o passeio pela Plaza de Cascorro, tomam a Ribeira de los Curtidores e se perdem num ziguezague pelas ruas laterais. Por tanto, conforme-se em não percorrer um caminho lógico para ver as roupas usadas, camisetas estilizadas, artesanato, bijuterias, velhos trajes militares e outras quinquilharias. Na hora de ir embora, recorra a um mapa ou entre na primeira estação de metrô que avistar.

Nota: Me desculpem os seus fãs, a entrevista segue, mas os cupins a deixaram indecifrável e não posso tentar reescrever ou interpretar com prêmio Nobel.

Flávio Del Mese

Flávio Del Mese nasceu em Caxias, mas tem quase certeza que sua cegonha passou a baixa altura e foi abatida. Isso frequentemente acontece com quem voa por lá, sejam sabiás, tucanos, corujas ou bentevis, mas não tem queixas. Foi bem recebido tanto na infância quanto na juventude, assim como em Porto Alegre, onde chegou uns 15 anos depois, já sem cegonha e a cidade o embala com carinho até hoje. E ele sabe do que fala, pois conhece 80% dos países do globo. Na Europa só não esteve na Albânia, da América só não conhece a Venezuela (prevendo quem sabe, que do jeito que vamos, em breve seremos uma Venezuela). Na Ásia, não passou pela Coréia do Norte e pelo Butão, mas à China foi 6 vezes e também 6 vezes esteve na Índia, sendo que uma delas deu a volta no país de trem, num vagão indiano, onde o até hoje, seu amigo Ashley, tinha uma licença para engatar o seu vagão atrás das composições cujos trilhos tivessem a mesma bitola. Sua incrível trajetória de vida é marcada por uma sucessão de acasos que fizeram do antigo piloto da equipe oficial VEMAG (vencedor de 5 edições de Doze Horas), em um dos fotógrafos mais internacionais do Brasil. Tem um acervo de 100 mil fotos- boa parte delas mostradas nos 49 audiovisuais de países que produziu e mostrou no Studio durante 20 anos e que são a principal vitrine do seu trabalho (inclusive o da volta na Índia de trem). Hoje dedica-se a redação e atualização dos Blogs Viajando por viajar e Puxadinho do Del Mese com postagens sete dias por semana.
Extraído de reportagem:
Ademar Vargas de Freitas
Clóvis Ott
Juarez Fonseca
Marco Ribeiro

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »