Segundo Vargas Llosa
Em Madrid, o bairro de Lavapiés não tem as ruelas de traçado irregular que cercam a Plaza Mayor. Muito menos é cortado por avenidas largas, cheias de lojas de grife como a Calle de Alcalá. Nem se vê por ali aquelas fontes monumentais que em outros pontos, os turistas posam para suas fotos. Lavapiés é um bairro para iniciados, para quem acredita que “turistar” também é tentar chegar perto do estilo de vida de um lugar. Por isso e, por ter virado uma vibrante e colorida concentração de imigrantes a partir dos anos 80, década em que Ricardo e a menina má estão em Madri – foi escolhido por Vargas Llosa como o principal cenário de seu romance na capital espanhola.
Localizado bem próximo da região central, Lavapiés tem como referências mais conhecidas, dois vizinhos: o museu Reina Sofia, onde está o quadro “Guernica” e a estação de metrô Atocha, que sofreu o atentado terrorista de 11 de março de 2004. Em cerca de 15 anos, pequenas lojas de design, brechós e bares, começaram a surgir no pedaço e o bairro ganhou vida ainda que tenha algumas ladeiras. Lavapiés não têm área muito grande, por isso, é um bairro para caminhar, tanto durante o dia quanto à noite. – O madrilenho tem hábito felino de ir para a rua o mais tarde possível. Antes do pôr-do-sol, gasta seu tempo olhando vitrines e entrando e saindo de lojinhas. Uma das mais curiosas é “Pepita is dead” da estilista Cristina Guisa… – Um daqueles casos em que a dica não vem do livro mas vale a pena. Ela própria recebe a clientela e explica que ali só estão à venda as peças de roupa, sapatos, tênis e óculos originais dos anos 60 e 70 (as calças Lee também já eram sucesso por lá).
Além de pequenas galerias e ateliês, Lavapiés abriga um dos mais efervescentes centros culturais: La casa Encenada, uma construção onde ocorrem cursos de artes plásticas, teatro, cinema, exposições e festivais de música – é um pouco do que a Casa do Saber de São Paulo ou Studio Clio daqui de Porto Alegre fazem…
Entre dezenas de bares e cafés do bairro, caia, antes de mais nada, no Barbieri. Lá Ricardo passa boa parte de suas tardes em uma mesa de fundo que, no lugar de cadeiras, tem poltronas. Nesse cenário também se dá um dos mais emocionantes encontros entre protagonistas, o local virou ponto de peregrinação dos fãs do romance.
Apesar de não estar no livro, o La Buga Del Lombo merece uma visita, solitários casais ou até familiares procuram suas porções de tapas, saladas e pratos para um almoço tardio. Mas à noite, a música latina sobe o volume. Seu balcão e o colorido salão vão sendo tomados por gente jovem que com uma taça de vinho na mão e um cigarro na outra, se encontram para o happy hour, antes de seguir para o próximo bar.
No domingo não deixe para acordar muito tarde se o seu objetivo for conhecer El Rastro, o mercado de pulgas da capital espanhola, outro lugar frequentado por Ricardo em suas tardes madrilenas. Desde as 10 horas da manhã e até as 16 horas, mais ou menos (dependendo do verão ou inverno), centenas de barracas e milhares de pessoas tomam conta da ribeira de los Curtidores, uma imensa alameda que se transforma em formigueiro. Tradicionalmente, os visitantes do Rastro começam o passeio pela Plaza de Cascorro, tomam a Ribeira de los Curtidores e se perdem num ziguezague pelas ruas laterais. Por tanto, conforme-se em não percorrer um caminho lógico para ver as roupas usadas, camisetas estilizadas, artesanato, bijuterias, velhos trajes militares e outras quinquilharias. Na hora de ir embora, recorra a um mapa ou entre na primeira estação de metrô que avistar.
Nota: Me desculpem os seus fãs, a entrevista segue, mas os cupins a deixaram indecifrável e não posso tentar reescrever ou interpretar com prêmio Nobel.
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