• O pum! da vaca

    Publicado por: • 26 abr • Publicado em: A Vida como ela foi

    Nos idos de  2013, rolou mais que rolo de massa a foto de uma vaca argentina – vaca animal, bem entendido, não me venham com aleivosias sugerindo retrato falado – com uma espécie de mochila no lombo, uma geringonça que canaliza os gases intestinais para armazená-los para posterior queima em algum motor, se bem entendi.

    Uma das acusações que se faz aos bovinos é que o metano que expelem é uma das causas do efeito estufa. Poderiam ter dito que lavouras, como a do arroz, também expelem metano. No popular, pum!

    Fiquei um pouco receoso de falar nisso, porque sempre pode aparecer um protesto com faixas de “Abaixo o arroz carreteiro!” ou “Carreteiro é assassino da natureza!”.

    Mas, e se a moda pega, com bombas como a dos postos de combustíveis vendendo pum! de vaca, com a própria estacionada no lugar da bomba? Ao frentista caberia a inglória tarefa de levantar o rabo da vaca (ou boi) com uma mangueirinha acoplada e enfiá-la no bocal do tanque.

    – Quantos litros de pum! vão hoje, doutor?

    – Completa.

    Mas aí vem o problema. Quem vai fixar o preço do pum! e qual a medida? Metros cúbicos?

    O governo teria que criar a estatal Pumbras!, que procuraria pum! até no pré-pum!. Para criar mais um cabide de emprego, viria Agência Nacional do Pum!.

    Naturalmente que os diretores seriam políticos da base aliada do governo. Os motores dos carros teriam que ser triflex, álcool, gasolina e pum! De repente o pum! entra na cesta básica, por que não?

    Não, não, melhor deixar assim. A ideia me cheira mal.

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  • O assassinato do luar

    Publicado por: • 26 abr • Publicado em: Notas

    O avanço de placas e luminosos mais a iluminação pública impede que se veja todo o esplendor da lua cheia, aquele da música. Agora querem botar um painel gigante no Morro da Embratel. Pelo andar da carruagem, não seria surpresa se a Coca Cola colocasse seu logo na Lua.

    O espanto do alemão

       – Hört mal zu, was ein brasilianischer Journalist über die Arbeitszeiten der Journalisten in Brasilien berichtet.

    Em tradução liberal, “Pessoal, vem aqui ouvir o que um jornalista brasileiro diz como se trabalha”. A frase foi dita quando estive na Alemanha, em 1985, e fui convidado, juntamente com oito colegas, para um almoço no Clube de Imprensa de Bonn, então capital da Alemanha, antes da queda do muro.

    https://www.veloe.com.br/banrisul?utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=p_blog&utm_campaign=tag_banrisul&utm_content=escala_600x90px

    Na época, eu escrevia o Informe Especial do jornal Zero Hora, entre 1982 e 1989. Um alemão que estava sentado na minha frente se mostrou interessado em saber como um colunista trabalhava no Rio Grande do Sul, e qual era a carga horária e semanal.

    Ingenuamente, descrevi meu dia a dia. A coluna era diária, inclusive sábados e domingos. Que eu a escrevia sozinho, não tinha nenhum auxiliar nem para o que chamo de servicinho sujo, como ligar para fontes – que podia demorar – e nem para pesquisas, que na época sem Google era um parto.

    www.brde.com.br

    Foi neste ponto que ele abriu a boca em forma de “O”, espantado.

    – Mas é todos os dias? Não folgas nunca? – perguntou.

    – Não, respondi, teoricamente eu poderia deixar para um interino em caso de emergência ou doença.

    Ele não queria acreditar no que estava ouvindo. Então proferiu a frase que abre este comentário.

    https://cnabrasil.org.br/senar

    Na sequência, explicou que, na Alemanha, era vedado a um jornalista escrever uma coluna diariamente. Havia regras e limitações.

    Bem, disse eu, vocês são um país adiantado. Já no meu, jornalista tem que ser assim ou bailou na curva.

    Nem entrei no detalhe do salário, porque historicamente profissionais de imprensa ganham mal. E tem que explicar que, a exemplo de jogadores de futebol, apenas um pequeno percentual ganha grandes salários. E a maioria, das televisões. Na imprensa escrita, só grandes articulistas de renome nacional, e pouquíssimos.

    Vale até hoje, e piorou depois da pandemia e da queda de anúncios devido à concorrência das plataformas digitais aliada à crescente tendência de desinteresse pela leitura. Sejam de jornais ou livros.

    A maioria só quer ver figurinha, costumo dizer. Essa é a nossa desgraça.

    Repito o escritor Monteiro Lobato, que dizia que uma Nação se faz com homens e livros. Vocês não tem ideia como tudo degringolou no Brasil em poucas décadas, a qualidade e a arte de saber escrever aliado a um leitor devorador de textos. Alles Kaputt.

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  • Pensamento do Dias

    Publicado por: • 26 abr • Publicado em: Frase do Dia

    Em política, imoral mesmo é ser derrotado.

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  • Crédito ao servidor

    Publicado por: • 26 abr • Publicado em: Notas

    O Banrisul desenvolveu uma nova solução financeira para auxiliar os servidores estaduais a obterem recursos sem a necessidade de utilizar sua margem consignável, o Crédito Fidelidade Servidor Público Estadual. Os valores são pré-aprovados e a contratação pode ser feita de forma rápida e simplificada por meio do app do Banrisul, no menu Empréstimos ou nas agências.

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  • Os bares de Porto Alegre

    Publicado por: • 25 abr • Publicado em: A Vida como ela foi

    Porto Alegre já teve um bar chamado Van Grogh, na esteira da moda nacional dos anos 1960, que usava nomes de compositores clássicos e pintores nos bares. O Van Grogh ficava na Av. Protásio Alves a cerca de 100 metros acima da Igreja São Sebastião.

    A decoração era feita de garrafas de cerveja casco escuro com débeis luzes no interior. O tom geral era marrom – devia ser amarelo, não é mesmo? Esclarecimento: grogue é sinônimo de ébrio, bêbado. Mas, antigamente, definia alguns coquetéis à base de destilados.

    A moda começou no Rio de Janeiro, com o João Sebastião Bar, tirado de Johann Sebastian Bach, e foi se alastrando. Um caso invulgar foi o Brahms, o célebre compositor alemão, que deu o nome de um bar-chope na esquina da Cristóvão Colombo com a Garibaldi.

    Por volta de 1970, foi vendido para o ex-prefeito de Porto Alegre, Sereno Chaise, que o rebatizou de Barcaça. Uns dois anos depois ele comprou do português Edmundo o famoso Stylo, na mesma Garibaldi esquina com a Independência, dando-lhe o nome de Barcacinha.

    Ao lado fixava o antigo Cine Vogue, que depois virou Cine Um, e hoje é nome de lancheria no mesmo local. O Vogue era um cinema de bolso, como eram chamadas as salas com poucas cadeiras. Passava filmes cult, geralmente franceses ou brasileiros que queriam imitar filmes franceses.

    Nos anos 1960 e 1970, eram muito demandados os bares de hotéis, como o do Plazinha, na Senhor dos Passos. Ou o do Hotel Embaixador, rua Jerônimo Coelho e o bar do City Hotel, a José Montaury, o PH, do Pretto Hotel, na Salgado Filho. Para mim e muita gente o bar de htoel mais bonito da cidade foi o Tiffany ‘s, do Alfred Hotel da Senhor dos passos. Com decoração marrom e veludo bordô, imitava o Harry’s Bar de Veneza. Foi uma lástima os donos o terem fechado, já nos anos 1990.  

    Os bares de rua morreram por falta de estacionamento. Foi bom enquanto durou.

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