Overdose
Somos o país da overdose. Quando é Copa do Mundo, só dá Copa do Mundo; quando é eleição, só dá eleição; quando é Olimpíada, só dá Olimpíada. Agora, nem precisa falar. Só que a dose se dá por etapas. Primeiro o vírus, depois as mortes, depois o tudo-fechado, agora vacinas. A dose seguinte será efeitos colaterais. Tudo somado e diminuído, overdose.
Imagem: Freepik
EFEITO COLATERAL
A magreza das redações, que já era fato antes da pandemia, criou vácuo enormes nas diversas editorias. Os mais experientes foram demitidos, houve a revolução dos jornalistas dente-de-leite, depois a briga com Bolsonaro drenou grande parte da energia já insuficiente para essa guerra. Resultado, tudo sobre a China, nada sobre a esquina.
Estamos contando a História como ela não é.
CUBA LIBRE
Cuba não registra nenhuma morte por Covid-19 em duas semanas. Isso diz a imprensa oficial do regime comunista. Como não existe imprensa alternativa, nunca saberemos.
CAVIDADE BUCAL
Sabemos agora que um presidente é bom quando só abre a boca para dar bom-dia ou boa-noite. A patrulha sonora não perdoa. Houve uma revolução jamais vista na história. Pela primeira vez dois presidentes falaram tudo que pensam sem o manto protetor da hipocrisia. Ou, a apologia da mentira.
Verdade que há verdades que não devem ser ditas, mas ao fim e ao cabo eles pagaram por falar o que meio mundo só diz em conversa de bar. Bolsonaro devia ter usado um protetor bucal, mas o que ele falou sobre os desejos secretos e outros não tão secretos das multidões ninguém antes teve coragem de dizer, a não ser como admoestação.
SEM CENSURA
Quem pode escrever barbaridades sobre qualquer assunto politicamente correto são os escritores de ficção. É só botar na boca de um personagem. Não tenham dúvida, em parte o autor concorda, mas não assina embaixo. Deixa essa tarefa para seus sequazes fictícios represados pelo consciente de quem os criou.
O BOI DORMINHOCO
É uma coisa maluca, mas a conclusão é que gostamos de governantes que mentem e ocultam o que de fato sentem em uma conversinha pra boi dormir.
« Quando os aparelhos eletrônicos entraram intensamente na rotina das crianças e surgiu a nostalgia do brincar ao ar livre Pensamento do Dias »