O ventilador do seu Ernesto
O austríaco Ernesto Moser comandou o restaurante Dona Maria por décadas. Veio para o Brasil vindo de Montevideo, depois que o circo onde trabalhava faliu e ele ficou sem eira nem beira. A Dona Maria era viva e Moser casou-se com a filha dela.
Seu Ernesto sempre dizia que tinha três nacionalidades: austríaco de nascença, brasileiro por naturalização, e alemão fiadaputa quando algum cliente mal-humorado achava cara a louça – “louça” era a despesa feita em bar ou restaurante.
Tinha suas implicâncias. Uma delas era com os ventiladores de teto da sua casa. Certa tarde de um calor dos diabos, sentei com ele e o ventilador bem em cima da nossa mesa estava desligado. Ele olhou para mim, apontou o ventilador com o lápis que sempre guardava na orelha e falou.
– Esquenta o chope e esfria a comida.