O papel de vaso

15 ago • A Vida como ela foiNenhum comentário em O papel de vaso

Nas eleições dos anos 1950, falo do que me recordo, embora pirralho – não havia cédula eleitoral. O santinhos, como nós chamamos o material de campanha hoje, eram usados para votar. Por isso que, naqueles tempos, a boca de urna era tão importante. Os candidatos pagavam cabos eleitorais para que se postassem perto das zonas de votação e distribuíssem a propaganda aos eleitores.

O problema para os contadores de votos é que não havia tamanho único nestas propagandas. Parte era quase do tamanho de um pôster em material de todas as cores. Os com pouca grana distribuíam papeluchos no formato dos santinhos de igreja, daí o apelido. As urnas tinham que ter uma fenda de respeito para enfiar as “cédulas” para dentro.

Quem gostava muito do dia da eleição eram as donas de casa. Como as ruas e o chão das zonas eleitorais eram tapetes de papel, as mães pediam e a molecada sobraçava o que podia de propaganda para levá-los para casa, operação repetida durante o dia todo.

E sabem por quê? O verso era usado para anotações, mas principalmente fincados em um prego ou arame para uso no vaso sanitário.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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