O casório no Plazinha
Lua de mel em países europeus ou asiáticos ou de cenários paradisíacos são banais hoje devido à facilidade de viajar, não só pela oferta como facilidade de pagar em ene vezes, e, principalmente, pelo baixo valor do custo em relação a décadas passadas. Eu e pelo menos um quinto da população de Porto Alegre tínhamos outro cenário à disposição para a lua de mel.
A festa de casamento para a classe média-média (mas não pela classificação do IBGE, classe média alta é quem ganha mais 3 mil reais…) e alta precisava ser no hotel Plazinha, na rua Senhor dos Passos – o São Rafael só foi inaugurado em 1973. A noite dos prazeres também era na suíte nupcial do hotel, incluída no pacote.
Mas vejam como era diferente aquele tempo. Estrogonofe de carne e fricassé de galinha era coisa de elite, vejam só “imagina, tinha até estrogonofe no jantar nupcial, ai que luxo”! diziam as comadres. A champanhe era uma só, a Peterlongo. Outras (pouquíssimas) menos votadas davam azia até em copo de bicarbonato.
Como milhares e milhares de gaúchos, a cidade que escolhemos para a lua de mel foi Ana Rech, na Serra Gaúcha. Nos quartos, não havia calefação, pelo menos no meu, e no interior das gavetas casais escreviam timidamente “eu estive aqui”, “assim começou nosso amor” e o inevitável coraçãozinho trespassado por uma flecha.
Com a fama que tinha, Ana Rech passou a ser conhecida por “Cemitério das Virgens”. Acreditem, naquela época existiam virgens. Não era lenda urbana.