O caso dos dois anões (*)
Em um circo dos Estados Unidos, em décadas passadas, dois anões, ou hoje pessoas verticalmente prejudicadas, faziam muito sucesso entre o público. Invariavelmente, eles usavam bengalas no número. Um deles tinha mais verve e era mais aplaudido do que o seu colega. Mas como é assim no circo e também no circo da vida, o espetáculo continuou. Certo manhã, um deles, o que fazia menos sucesso, apareceu morto no camarim, estrangulado.
A investigação policial levou algum tempo porque a vítima não tinha inimigos. Entre os colegas não havia a motivação para assassiná-lo. Os policiais quebraram a cabeça e, depois de voltas e reviravoltas, descobriram que o assassino era seu colega de circo, o anão que era mais aplaudido pelo público. Na confissão, alegou defesa da honra e explicou o surpreendente motivo.
Algumas raras vezes, anões crescem depois da vida adulta, e ele sentiu que isso estava acontecendo com ele. Com medo de confirmar o que seria catastrófico para sua carreira, ficou deprimido. Nem mesmo procurou medir sua altura para ver quantos centímetros tinha crescido.
Deu-se que certa madrugada foi ao camarim buscar alguma coisa que esquecera após o espetáculo e surpreendeu o colega de show lixando a ponta de baixo da sua bengala.
Ao ver a cena, soube o motivo do seu crescimento. A compreensão levou-o à fúria e ao assassinato. Simples: a vítima vinha lixando a parte de baixo da sua bengala ao longo do tempo. Alguns milímetros por mês, mas o suficiente para deixar a bengala levemente mais curta. Consequentemente, dava ao dono a sensação que ele estava crescendo.
(+) Adaptado do Ellery Queen Mystery Magazine de 1950