O carrão e o utilitário
As notas sobre o fim da letra cursiva substituída pelas máquinas e smartphones ensejou comentários da turma que praticava essa escrita desde os bancos escolares. Eu lembro muito bem das aulas de caligrafia, um tipo de letra cursiva escrita em uma espécie de pauta musical, com espaço delimitado para minúsculas e maiúsculas. Para aumentar a tortura, não se usava esferográfica (que ainda não tinha chegado aqui) e nem as canetas-tinteiro, assim chamadas porque tinham um reservatório para tinta.
O que nós usávamos era a famigerada Pena 12. Era uma pena que precisava ser mergulhada na tinta, que era retida apenas para desenhar umas poucas palavras. O professor ou professora de caligrafia enchia o saco até se uma letra tinha mais tinta que a vizinha. Nunca fui bom nisso.
Originalmente, a tinta era indelével, ou seja, ficava para sempre especialmente nas roupas, perdidas. Depois surgiu o azul-lavável, usado nas cara e excelente Parker 51, e a Compactor. Mal comparando, a Parker era uma Mercedes Benz e a Compactor um utilitário qualquer. A primeira tinha seus fricotes, a segunda era pau para toda obra, durável como só ela.
Mas nenhuma delas ensinava a escrever bonito.