Manchete da manchete
A Revista Manchete, da Editora Bloch, rivalizava em tiragem com a Revista O Cruzeiro, que rodava um milhão de exemplares. O Cruzeiro morreu antes, com o esfacelamento do Diário e Emissoras Associados, a Globo da época. A edição comemorava a vitória dos militares em abril de 1964. Na capa, o ex-governador e deputado Carlos Lacerda, uma das línguas mais ferinas do Brasil. Primeiro apoio, depois rejeito o Movimento. Ele queria que os militares saneassem o país então adernado e o devolvessem aos civis. Adivinhem quem seria ou queria ser o candidato à Presidente da República? A Manchete ganhou muito dinheiro com matérias hoje chamadas de conteúdo editorial.
Lacerda foi um caso raro de legislador e chefe de executivo bem-sucedido. Nos discursos que fazia na Câmara dos Deputados, mirava desafetos com suas frases desconcertantes. A maioria é conhecida. Certa vez, ele vituperou contra um adversário com seu estilo cáustico. O alvo pediu um aparte.
– O que vossa excelência fala entra no meu ouvido e sai no outro.
A resposta levou décimos de segundo.
– Impossível. O som não se propaga no vácuo!