Encolhedores de cabeça

15 jan • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Encolhedores de cabeça

No fim do século XIV os europeus ficaram horrorizados com os relatos de exploradores sobre a cultura de encolhedores de cabeça na região hoje conhecida como Papua Nova Guiné. Os nativos matavam inimigos tribais ou de homens brancos, decepavam as cabeças e, num longo processo de fervura, que envolvia ervas diversas, reduziam o crânio humano a um terço do tamanho normal. Isso feito, andavam com elas a tiracolo.

OS ZUMBIS ESTÃO ENTRE NÓS

Mais de um século depois, as cabeças continuam sendo encolhidas por outro tipo de fervura e outros tipos de ervas. Atordoados com a velocidade da transformação e com um sistema educacional deficiente somado à perda de interesse pela leitura e do conhecimento, os humanos estão perdidos na noite suja de uma selva de insanidades.

O interessante é que eles estão vivos. Falam, ouvem, trabalham, socializam, mas sãos zumbis. Outra diferença notável em relação às cabeças penduradas nas choças é que são a chave para dar poder aos caçadores de zumbis, que os usam para consumir produtos e serviços gerados por estes.

ARTES DO PAJÉ

 Outra particularidade desta imensa legião é que vez por outra consultam médicos de cabeça e os pagam para confessar seus problemas. É o que chamamos de pajelança, de pajé, método outrora usado por padres e bispos da Igreja Católica, o Instituto da confissão. Conta teus pecados e irás para o céu.

SEGREDOS DE ESTADO

A confissão foi inventada durante a  Idade Média, não fazia parte dos ritos. É aí que a história fica interessante. Quando a Santa Madre sentiu que estava perdendo poder por falta de informação, instituiu a confissão, mas só para a nobreza e a incipiente burguesia, para que eles contassem os segredos de Estado, a quem não tinham mais acesso.

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Foi tão bem engendrado que só bispos e prelados com intimidade na corte podiam ouvir as confissões. Não interessavam os pecados da carne, salvo para fazer um book das mulheres da elite que gostavam de pular a cerca, interessavam os segredos de Estado. Padreco não tinha como separar joio do trigo da informação. A eles cabia só ouvir as sacanagens do povão.

PEDÁGIO PARA O CÉU

As indulgências para obter o perdão divino eram vendidas, sabemos todos. Por estes e outros motivos que Martinho Lutero se rebelou. As cancelas do pedágio se abriam tão logo pagassem.

A ENGENHARIA DOS CASTELOS

Um neurótico imagina castelos no ar. Um psicopata vê castelos no ar. Um psicótico mora neles. E um psiquiatra cobra aluguel de todos eles.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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