Duro de ver
Abriu na Rua Coberta de Gramado (RS) um restaurante com experiência às cegas. Inspirado na rede francesa Esperienza Bistrot, serve refeições aos clientes que ficam com os olhos vendados enquanto comem, sentem cheiros e ouvem músicas. Quem quiser, pode tirar a venda. O empreendimento é dos paulistas Bruno Oliveira Silva e Neila Oliveira Silva, o primeiro do gênero no Brasil, asseguram os sócios.
Fiquei matutando. Na verdade, eu já preferia comer às cegas nos verdes anos, tempos em que tínhamos juventude de sobra e dinheiro de menos. O que nos obrigava a comer em algum pé-sujo ou pensão onde jamais se deveria entrar na cozinha.
Quando o PF chegava, eu semicerrava os olhos para que apenas vislumbrasse tenuamente a claridade. Motivo? Tinha tanto jacaré e objetos não-identificados na comida, feijão especialmente, que era melhor não saber o que – ou QUEM eram. O que os olhos não veem, o coração não sente.
Mas eu fazia um pedido suplementar. Já naqueles tempos eu seguia o conselho do imortal Stanislaw Ponte Preta: não há comida que não melhore botando um ovo frito por cima.