Conversa bancária
Uma das agonias da vida moderna é ligar para um determinado número e ouvir a secretária perguntar, além do clássico “quem deseja?”, o assunto que traz o vivente à sua Majestade, o Chefe. Ela não aceita uma resposta vaga, como “é pessoal” ou “queria saber como vai nosso assunto”, não mesmo. Elas querem saber tintim por tintim do que se trata e, mesmo assim, ao final, perguntam se não pode ser outra pessoa. Evidentemente, em nível inferior hierárquico ao Chefe.
Só essa confissão já é um suplício, mas pode piorar. É quando a secretária, depois de ouvir toda a explanação, dizer candidamente “ah, mas ele não pode atender agora” ou a tortura das torturas “ah, mas ele não está no momento. Certa vez, perguntei para a moça se, no momento seguinte, ele estaria. Não entendeu.
Pior aconteceu com um amigo meu que foi ao seu banco e pediu à recepcionista para conversar com o gerente de conta e ouvir dela “qual seria o assunto?” Como todos sabem, procura-se o gerente de um banco para trocar receitas de pizza, saber quais os melhores filmes que ele viu, se curte novela da Globo e como ele acha que vai terminar a das nove.
Maldito mundo encanado esse moderno. Para ir do ponto A para o ponto B, tem que se entrar em tubulações que, eventualmente, não levam a lugar nenhum.