A vida cara nossa de cada dia
Quando me mudei para a cidade grande fiz o que a maioria dos interioranos fazia, busquei uma pensão. Tive sorte e consegui um quarto só pra mim. A comida era razoável. Em seguida, realizei o sonho de morar em república, sistema em que alguns amigos se juntam para pagar aluguel de um apartamento. Mais adiante realizei o sonho maior de morar sozinho.
Nesta condição, o furo é mais embaixo. Tem que pagar o custo sozinho. O condomínio incluía o aluguel, taxa da imobiliária, luz e água e deu. Do salário, só descontava 6% do IAPB, Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários. Os segurados tinham acesso aos melhores médicos e laboratórios porque pagava 10% acima do valor da consulta. Não tinha esse negócio de agendamento. Esses eram meus custos fixos mensais.
Analisando os custos de hoje, o condomínio incluiria gastos com segurança, portaria, alarme e câmeras de vigilância. O INSS tiraria um monte do salário. Em caso de doença, fila em tudo. Com plano de saúde, mais uma cacetada. Refeição é mais cara que na época. Refri, lanches e cinema custavam muito pouco. Além disso, tem celular, banda larga e outros requisitos da vida moderna.
Transportado para aquela época, eu nem poderia morar em Porto Alegre. Mas vi, vim, venci e vivo pelado.