A turma do Stylo

6 nov • A Vida como ela foi1 comentário em A turma do Stylo

Esquina onde ficava o Stylo.

Tanto que escrevo sobre os bares dos gloriosos anos 1960 e início dos 70 de Porto Alegre que agora mostro parte da mesa um do Stylo bar, na esquina da Independência com a Garibaldi, hoje uma loja Panvel. Na quinta-feira passada, festejamos o aniversário do historiador Voltaire Schilling, à direita na foto.

Bar doce bar

Voltaire sempre me lembrou um personagem lendário dos Vikings, Erik, o Vermelho. No ramo, é um dos melhores que temos no Rio Grande do Sul e ainda tem uma pena afiada a serviço do prazer de ler. Comecei a frequentar o Stylo por volta de 1966/7. O dono era o Edmundo Silva e, antes dele, o Paulo, do Prinz, que existe até hoje na Dom Pedro II. Sentávamos sempre na mesma mesa, a do fundo à esquerda, junto ao balcão. Todas as mesas um ficam no fundo e perto do balcão. A partir de 1970 virou Barcacinha, cujo dono era o ex-prefeito Sereno Chaise.

Rui e seu pedaço

E como toda roda de bar, nos anos em que não éramos obrigados a obedecer ao politicamente correto, cometemos algumas barbaridades. Em frente, na Garibaldi ficava o Whisky Agogô, do Rui Dallapicola. Uma quadra e meia acima ficava a Tia Dulce, restaurante famoso por sua sopa de cebola feita pela tia. Em frente, ficava o Locomotive do Éldio Macedo e a Vila Velha do Carlos Heitor Azevedo, na época chamadas de boates e que hoje chamaríamos de danceterias. Uma quadra abaixo da Garibaldi, na esquina com a Cristóvão Colombo, ficava o Brahms, depois Barcaça, do Sereno Chaise.

 A rua da Baiuca

A rua Garibaldi concentrou locais históricos da cidade. Antes de se mudar para a Independência, o Carlos Heitor, acima citado, abriu a primeira boate de Porto Alegre, a Baiuca, homônima à de São Paulo. No lado oposto, perto da Osvaldo Aranha, havia o bar do compositor e cantor Rubem Santos, cara de nordestino, mas parece que era carioca, da Lapa. Quando ele ou alguém cantava, geralmente dedilhando um violão, os aplausos eram proibidos. Para evitar a bronca dos vizinhos, estalava-se os dedos. Ficava surreal a mistura de estalar os dedos com a meia luz da boate. Salvador Dali assinaria embaixo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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One Response to A turma do Stylo

  1. Marco Antonio Pires Assumpção disse:

    Prezado (magro) Fernando,

    Hoje, relendo tuas crônicas me deparei com essa preciosidade que relembraste e fiquei extremamente feliz ao (re)ver algumas das pessoas que mais influenciaram minha vida. Obrigado por este gosto de passado que me trouxeste lembrando o Stylo (no meu tempo de maiores proezas hepáticas denominado Barcacinha, já do Sereno à época). O restante dos nominados estabelecimentos frequentei esporadicamente em minha juventude. Aproveito para agradecer as boas influências recebidas que em muito ajudaram minha formação intelectual. Gracias Magro!

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