A senhora do guarda-sol (*)
Uma senhora, em vulnerabilidade social, andava pelas ruas de Porto Alegre com o seu carrinho de supermercados, contendo toda as suas coisas neste mundo. Normalmente, costuma-se dizer que a dor ensina a viver. Para esta senhora, a vida tornou-se uma luta constante pela falta de alimentos, de roupas e de um lugar para ficar abrigada do frio.
Eu a encontrei um dia frio, deitada em uma calçada e de imediato a reconheci por causa do seu guarda-sol colorido inseparável. Dia e noite, ela o utilizava, até que eu resolvi perguntar sobre a importância de seu guarda-sol.
Ela respondeu-me:
– Este guarda-sol é o meu teto. Um abrigo para chuva, para o sol e também para me esquentar como uma estufa sob os raios do sol e me abrigar nas noites de frio. É minha casa.
Eu pensei com os meus botões:
– Um guarda-sol é para mim apenas um guarda-sol; porém as necessidades ensinam a tirar proveito das coisas e também agregam novos valores. Como é importante dar valor para as coisas.
* Colaboração jornalista Osni Machado