A cultura dos biquínis
Escolhi a folhinha da Caixa como metáfora visual para um dos mais sérios problemas no jornalismo e seus infográficos e até de muitos anúncios publicitários. Esse calendário é muito disputado nas redações e não sem motivo. É simples, tem contraste ótimo entre os números, com letras gordinhas, fáceis de ler. Ao contrário desse primor de lógica, ao longo os anos, tenho visto calendários que, até para olhar, te deixam desconfortável. Mas a moldura, digamos assim, é visualmente poluída, cheio de firulas e fricotes. Ou seja, o que interessa mesmo não teve chance, preferiram os arredores do principal.
Acho isso incrível na vida moderna. Complicam tudo e, amiúde, colocam letras magrelas e subnutridas. Em muitos anúncios, vejo o mesmo, o texto ilegível porque o fundo impede sua leitura. Ora, anúncio foi feito para atingir impacto imediato e não para ser quase uma carta enigmática.
Mesma coisa os infográficos dos jornais. Frequentemente, eles são tão confusos que o leitor cai fora até da matéria. De novo, a moldura cheia de artifícios são como biquínis: mostram tudo menos o essencial.