Inverno ou verão?
Nenhum dos dois. Cada vez que o inverno se torna mais rijo e o verão mais escaldante, conversa de elevador e de consultório médico invariavelmente gira em torno do assunto. Aliás, o que seria do tempo se não existissem elevadores e consultórios médicos. Aspas fechadas, volto ao marco zero em primeira marcha.
Se você diz que prefere o inverno mesmo assim, é bem possível que o interlocutor desconhecido diga que não, o verão é melhor. Se for mulher, serão dois terços pró-inferno. A questão aqui é que ninguém diz “eu gosto do outono” ou da primavera. No máximo, o outro ou a outra diz que gostaria do meio-a-meio, friozinho de noite e meia boca de dia.
É consequência do nosso grenalismo, do xiitismo político do crê ou morre e dos nossos radicalismos. Até numa conversa amena, em que você diz que não gosta de costela e prefere picanha, periga dar em entrevero e amizades desfeitas. Somos fundamentalistas, fundamentalismo guasca no caso do Rio Grande do Sul.
Então eu digo alto e bom som que sou primavera desde criancinha; segunda opção, outono. “Ah, mas é estação de muito vento”. Estão vendo? Até na neutralidade brigamos.