Marley e o imperador
Atletas de países africanos sempre foram ótimos fundistas e até com barreiras. Os etíopes são bons em maratonas também. Considerando-se a história das populações negras do continente, talvez a causa dessa expertise seja o modus vivendi destes povos, que, desde tempos imemoriais, tiveram que se safar de predadores mortais e velozes – inclusive brancos, por sinal. Já os países do hemisfério norte são melhores em outros esportes.
Sim, sei que é um raciocínio cartesiano. Mas e os jamaicanos, dirão vocês, por que eles têm velocistas em penca? Bom, aí vem uma outra história, que se liga à África de outra forma. A moda do cabelo rastafári, mundialmente conhecida depois do Bob Marley, não é uma moda jamaicana, é etíope. Mais precisamente de um imperador etíope chamado Hailé Selassié, regente do país de 1916 a 1930 e imperador de 1930 a 1974, que colocou a Etiópia no mapa por seu jeito peculiar de governar.
Agora a história fica interessante. O cabelo rastafári tem origem no nome do imperador – Ras, chefe – e Tafari, seu primeiro nome – como forma de homenageá-lo. O interessante é que Hailé não usava cabelo trançado à moda Marley. Essa devoção se deve a um movimento que pregava o retorno cultural dos jamaicanos ao país de onde vieram. Precisamente, a Etiópia.