• Falta alguém em Nuremberg

    Publicado por: • 30 jan • Publicado em: Caso do Dia

     As chacinas no Ceará – 10 no domingo e 14 no sábado – fazem parte do calendário de execuções em massa das facções criminosas em todo o país, inclusive aqui. O motivo dessa guerra é fácil de explicar. Em estudo feito há dois anos, a Brigada Militar verificou que mais de 85% dos homicídios na Região Metropolitana têm drogas e sua venda como epicentro. Logo, o coautor das chacinas é o usuário de drogas. Apenas em torno de 30% dos usuários se tornam dependentes da droga, o resto é usuário eventual e festeiro. São os médicos e pesquisadores que dizem isso, não eu.

     Ah, mas o dependente químico é um coitadinho. Não é. Não era viciado quando deu a primeira cheirada. Admito que os traficantes seduzam a gurizada que de nada sabem e, em pouco tempo, ficam viciados em crack, especialmente, e vão trabalhar para eles. Mas até um poste de subúrbio sabe que o crack é mortal com poucas cachimbadas. Então não é por desconhecimento.

     Esse é o grande paradoxo. Cada vez que alguém dá uma cheiradinha, aperta o gatilho de algum membro de facção.

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  • A banalização do palavrão

    Publicado por: • 30 jan • Publicado em: A Vida como ela foi

     Tenho certeza de que a última palavra do último segundo antes de alguma morte violenta ou inesperada que os norte-americanos dirão é “shit!”, de tanto que a usam no dia a dia. Observem os filmes de Hollywood. Mesmo em uma história envolvendo freiras, a expressão é disparada a toda hora, até pelas bocas mais inocentes. Acho que, mais dia menos dia, os nenês dirão shit! um segundo antes de começar a chorar pela primeira vez.

     Já foi muito diferente. Quando gurizote “merda” era usada in extremis em alguma discussão entre rapazes. Falar merda na frente das gurias era pedir para perder a atual namorada ou a futura colimada. Em casa, Deus m’o livre. Meus pais mandariam eu lavar a boca com sabão, que era o conselho universal para quem falava palavrão – e merda era um bem forte.

     Filho da puta até hoje não se escreve em jornal. Na maioria das vezes, sai FDP, invenção do jornal alternativo O Pasquim, nos anos 60. Imagine chamar alguém assim, era convite para briga e, em caso de homicídio, podia-se usar até com a figura legítima defesa da honra. No mínimo, atenuante. Nas brigas da adolescência, filho da puta era atravessar a fronteira, a border line. Convite para o pau. Quando se perdia a briga, a salvação era usar uma frase não menos famosa.

     – Vou chamar meu irmão mais velho. Ele vai te cagar a pau!

     Geralmente, o irmão mais velho não se dava a esse trabalho. Nem tomava conhecimento, aliás. As expressões “bagaceira” e “muquirana” eram pecados veniais na arte da briga, mas podiam detonar uma guerra. Invertendo o ditado “quando um não quer dois não brigam” posso assegurar que, quando um quer, os dois brigam sim. E um apanha feio e quase nunca era o brigão.

     Vamos que você começasse a frequentar a casa da sua namorada, depois de semanas e meses até de namoro escondido, de beijos e de protótipos de amasso no escurinho do cinema. Lá está você (geralmente sábados à noite) sob os severos holofotes dos pais da menina e saísse um palavrão desses que hoje meninos e meninas dizem aos pais. Merda, digamos. Você era expulso do ambiente familiar na hora.

     Era uma boa hora para virar o vilão da moral e dos bons costumes.

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  • Não há tempo ruim, apenas roupas inapropriadas.

    • Ditado norueguês •

  • Ou vai ou racha

    Publicado por: • 30 jan • Publicado em: Notas

     Em reunião com colunistas num domingo de noite, o governador José Ivo Sartori, mais uma vez, fez as contas que não fecham nas burras do Estado. As despesas são R$ 70 bilhões, e a arrecadação total é de R$ 62 bilhões anuais. Quer dizer que, se os projetos que estão sendo votados na Assembleia Legislativa não forem aprovados – a oposição não quer dar o sim –, vamos à breca.

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  • Orgulhosos perdedores

    Publicado por: • 30 jan • Publicado em: Notas

     O Rio Grande do Sul é assim. Explica porque crescemos como rabo de cavalo – para baixo. Basta ser projeto da situação que a oposição é contra. Nem que seja para tirar o pai da forca.

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