O Chevrolet divino
Há décadas, um nativo de cidade do Vale do Caí deixou o torrão natal e foi procurar formas de vencer na vida. Encontrou-a no Interior do Estado, bem longe dali. Em poucos anos, estava rico. Tanto que presenteou a sua mulher, também nascida na sua região de colonização alemã, com um belo Chevrolet Impala, do ano, reluzente e potente, uma maravilha.
A senhora em questão contratou como motorista um amigo de infância. De tempos em tempos, ela e o chaufer Waldemar apareciam. Voltava às origens visitando os parentes com o possante, sempre sentada no banco de trás com o melhor vestido que o dinheiro podia comprar.
Ela gostava demais da combinação azul e branco, ainda mais quando voltava para a colônia. Os vestidos daquela época eram longos e largos como o Rio Caí em dia de enchente, ela sentava bem no meio do banco para espalhar bem as vestes abundantes.
Quando os colonos avistavam um rastro de poeira antes da missa de domingo, já sabiam que a bordo do carrão azul e branco estava a conterrânea que enricou, e em uníssono a chamavam de Mutter Gottes.
Que vinha a ser “Virgem Maria” em alemão.