O camarão de Fidel
Uma missão de deputados federais visitou Cuba nos anos 1990 para ver o que é que a baiana cubana tinha. Foram recebidos com todo o aparato e cordialidade, Fidel Castro à frente. Depois de périplos em que mostraram as maravilhas da revolución e o povo mais resignado que desdentado comendo mingau, Fidel convidou a turma para um jantar em palácio.
Os parlamentares brasileiros foram acomodados em uma generosa sala, tudo nos trinques, serviço de primeira. Claro, casa de Chefe é outra coisa. Serviram pratos maravilhosos, especialmente o de camarão. Na hora da sobremesa, café e charuto, Fidel Castro assomou ao microfone posto na sua frente. Todos pensaram que seria um discurso quilométrico, daqueles em que Fidel tirava o primeiro lugar e Leonel Brizola o segundo. Mais longo que curta metragem alemão, seis a oito horas de filme. Macaco velho, Fidel foi logo acalmando a turma.
– Sei o que vocês estão pensando, que vou fazer um dos meus longos discursos, mas fiquem tranquilos. Só vou dizer que fico satisfeito com a visita de vocês, desejo boa estada e curtam Havana.
Nessa hora, o então deputado Eliseu Padilha teve uma má ideia. Levantou e disse que todos tinham ficado maravilhados com os camarões, qual seria a receita daquele molho maravilhoso. Fidel pegou o microfone de novo.
– Bueno…
Imaginem o tempo que levou falando da receita.